Polícia que iniciou protestos avisa: "Não é com um suplemento que vamos sair" do Parlamento
O polícia que está a mobilizar desde o dia 7 de janeiro milhares de elementos da PSP, da GNR e da Guarda Prisional em protesto por melhores condições salariais afirmou que não vai ser a atribuição de um suplemento de missão idêntico ao da Polícia Judiciária que os vai fazer sair da porta da Assembleia da República.
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"Não é com um suplemento de missão que me vão fazer sair da frente da Assembleia [da República]. Não vou sair eu, nem a esmagadora maioria dos colegas e camaradas que aqui se encontram, segundo os mesmos. Estão a esquecer-se de um pequeno grande pormenor: ordenado-base. Eu não estou aqui unicamente pelo referido suplemento, tal como a grande maioria de vocês não está", afirmou Pedro Costa, num vídeo difundido esta quinta-feira num grupo do Telegram com mais de 18 mil utilizadores.
Na mensagem, em que atribui a sua ausência durante o desfile na manifestação histórica de quarta-feira ao facto de não ter sido o organizador da ação, o agente, de 32 anos, há cinco na PSP, recorda que continua a existir um "grande e grave problema a ser resolvido: os nossos vencimentos".
No vídeo, em que reitera a luta por "um salário-base condigno da profissão", Pedro Costa dirige-se ainda aos "camaradas" polícias, dizendo que "está na altura" de deixarem de lado o "complexo de inferioridade" que lhes foi incutido "desde há muito" bem como o "receio e a vergonha". "Vamos exigir o que é nosso pelo desempenho das nossas funções", acrescentou.
Antes, o polícia sugeriu que "houve quem quisesse" que a manifestação, que juntou cerca de 15 mil elementos da PSP, GNR e Guarda Prisional, ao final da tarde, em Lisboa, tivesse "um desfecho diferente daquele que aconteceu". "Mais uma vez mostramos que não somos os bichos que acham que somos e que querem que nós sejamos", sustentou.
Pedro Costa também criticou, sem fundamento, que a "maior manifestação de polícias alguma vez vista em Portugal" tenha tido só "direito a meio minuto nos espaços noticiosos dos grandes meios de comunicação". Na quarta-feira, recorde-se, além da manifestação dos polícias, também decorreu uma grande operação da Polícia Judiciária na ilha da Madeira, logo ao início da manhã, que culminou com três detidos, um dos quais o atual presidente da Câmara do Funchal. Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, foi constituído arguido.