Estruturas sindicais e socioprofissionais criticam subjetividade do limite à circulação entre concelhos. Diretor Nacional da PSP antecipa incumprimento da regra, mas promete rigor.
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PSP e GNR terão "muita dificuldade" em controlar o cumprimento das restrições à circulação impostas pelo Governo, no próximo fim de semana. Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), fala mesmo numa "tarefa dramática" devido às muitas exceções às regras definidas. Também César Nogueira, da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), admite uma missão difícil, que passará muito por "acreditar na palavra das pessoas". E até o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, antevê que haverá quem não cumpra a lei. Mas promete mão pesada para quem o fizer.
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"Os polícias têm maior dificuldade quando as regras são subjetivas ou há muitas exceções", afirma Paulo Rodrigues, que espera "dias delicados" provocados pelo facto da proibição de circulação entre concelhos poder ser contornada por muita gente. O líder da ASPP/PSP não estranhará, por isso, se os polícias tiverem de enfrentar a revolta de muitos cidadãos. "Quem quiser sair do concelho irá encontrar sempre uma solução e as restantes pessoas não vão compreender porque não podem sair também. Poderão revoltar-se contra os polícias, que não têm culpa nenhuma. Serão três dias complicados", refere.
César Nogueira espera, de igual modo, um fim de semana marcado por protestos. "Somos um país de tradições e haverá quem teime em visitar os entes queridos. Será difícil fazer a fiscalização, até porque o Governo definiu mais exceções que regras", declara. O presidente da APG/GNR defende, ainda, que pouco mais restará às forças de segurança do que, perante tantas justificações para abandonar a área de residência, "acreditar na palavra das pessoas". "Podem acontecer situações desagradáveis, que seriam evitáveis se tudo fosse mais claro", acrescenta.
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Magina promete rigor
César Nogueira e Paulo Rodrigues confessam que as orientações na GNR e na PSP passam pela aposta na sensibilização e apelo ao bom senso da população. Mas, ontem, Magina da Silva avisou que quem não cumprir as regras será punido. "Penso que a adesão dos portugueses e compreensão dos tempos e regras excecionais vai prevalecer. [Porém], não desejo, mas prevejo que, por objeção de consciência, por teorias da conspiração relacionadas com a covid-19, que há muitas, poderá haver quem não se deixe sensibilizar. Mas estes vão ter de cumprir as regras, quer queiram quer não", garantiu, à margem da inauguração de uma esquadra em Lisboa.
"A Polícia, como tem feito desde sempre, privilegia uma intervenção de pedagogia, de sensibilização, mas há cidadãos que não se deixam ensinar e sensibilizar", alegou Magina da Silva, antes de lembrar que "todas as detenções que a PSP fez" só aconteceram porque "os cidadãos não cumpriram".
Expressos param, Metro do Porto sem alterações
A Rede Expressos vai suprimir o transporte de passageiros entre a meia--noite de sexta-feira e as 6 horas de 3 de novembro, devido à decisão do Governo de limitar a circulação entre concelhos. Todos os bilhetes já comprados poderão ser reembolsados ou revalidados sem custos, explica a empresa, que assegura a ligação rodoviária entre as principais cidades nacionais. Já a Metro do Porto irá manter a sua operação normal nos dias úteis e no fim de semana, apurou o JN.