Três elementos da Polícia Judiciária (PJ), um agente da PSP, um tenente-coronel do Exército e um militar da GNR na reserva estão entre as 24 pessoas agora acusadas pelo Ministério Público (MP) de Sintra de integrarem uma rede de corrupção em centros de inspeção na Amadora. Há dezenas de veículos que, entre o início de 2015 e meados de 2016, terão obtido autorização para circular sem ter condições para tal.
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Segundo a acusação, no centro do esquema estaria o então diretor de um centro de inspeção em A-da-Beja. Para falsear os resultados, o dirigente, hoje com 52 anos, contaria com a colaboração de sete inspetores da sua confiança. Estes terão, mesmo após este ter sido transferido para um estabelecimento em Queluz (Sintra), mantido o estratagema a funcionar quer em A-da-Beja quer em Alfragide, sob liderança do seu ex-chefe.
Como contrapartida pelas aprovações indevidas, o dirigente beneficiaria de refeições grátis ou oferendas de carnes, queijos, azeite, vinho e marisco. Já os inspetores, receberiam entre 20 e 70 euros por cada serviço. O dinheiro seria deixado no porta-luvas ou no banco de passageiro do carro. No total, foram acusados, entre outros ilícitos, de 57 crimes de corrupção passiva. Destes, 20 são atribuídos ao ex-diretor e 22 a um inspetor.
nove mil euros de lucro
Já os seis elementos das autoridades - um dos quais irmão do principal arguido - atuariam, acredita o MP, como intermediários na angariação de clientes. Os mais ativos seriam um inspetor e um casal de seguranças da PJ, a quem foram imputados um total de 33 crimes de corrupção ativa e 28 de tráfico de influência, entre outros ilícitos. Ao todo, terão obtido indevidamente mais de nove mil euros.
Entre os seus clientes, estariam gerentes de oficinas em Odivelas, também acusados de corrupção ativa.
A acusação surge quase cinco anos depois de, em junho de 2016, cerca de 200 inspetores da PJ terem participado na operação "Roda Viva", que então culminou na detenção de 20 pessoas.
Do total de suspeitos, seis entregaram entre 100 e 400 euros a instituições de solidariedade social para que o processo fosse suspenso. Agora foram arrolados como testemunhas pelo MP. Todos os arguidos aguardam o julgamento em liberdade.