Cerca de uma centena de agentes da PSP e militares da GNR esperaram, esta sexta-feira à noite, a chegada de Augusto Santos Silva e José Luís Carneiro a Fafe para lhes mostrarem cartões vermelhos, que tinham inscrita a data das próximas eleições legislativas.
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Os ainda presidente da Assembleia da República e ministro da Administração Interna participaram numa ação eleitoral do PS em Fafe.
Ao invés do protesto habitual, cantando o hino nacional, os polícias fizeram-se ouvir com apitos e empunharam cartões vermelhos com a data 10/03/2024. “Se até essa data não se resolverem os problemas das tabelas remuneratórias da GNR e da PSP e não nos atribuírem o suplemento de missão, nós e as nossas famílias vamos mostrar o cartão vermelho ao PS”, ameaçou, ao JN, o dirigente da Associação de Profissionais da Guarda (APG) Paulo Pinto.
Santos Silva recebeu o cartão e entrou no edifício do Arquivo Municipal de Fafe, onde decorreu a sessão, seguido de José Luís Carneiro, que também ficou com o cartão e convidou os contestatários a entrarem e a assistirem aos discursos. Alguns dos polícias entraram, ouviram em silêncio Santos Silva, que falou na qualidade de candidato do PS pelo círculo de Fora da Europa, mas reagiram de forma diferente quando José Luís Carneiro, cabeça de lista pelo distrito de Braga, ia usar da palavra. Voltaram a empunhar o cartão vermelho e, soprando nos apitos, abandonaram o edifício.
Compararam-se a agricultores
“Apesar do que dizem, ainda ontem foram disponibilizados 500 milhões para a agricultura e para a as forças de segurança não há nada. É lamentável o desprimor para com os profissionais da forças de segurança”, afirmou o militar Paulo Pinto, afirmando que os oradores da sessão “encheram a boca com as palavras liberdade e democracia, mas esqueceram-se que quem cuida dela somos nós”. Paulo Pinto queixou-se ainda de não ver as tabelas remuneratórias alteradas desde 2009 e da discriminação em relação à Polícia Judiciária. “Respeitamos muito a PJ, mas quem está na primeira linha é a PSP e a GNR. Esta diferenciação foi injusta”.
Estas ações de protesto junto das principais figuras do Estado vão manter-se e serão alargadas a outros protagonistas políticos. “Vamos manter este tipo de ações com o PS, mas, quando a campanha começar, vamos também abordar os outros partidos, porque queremos que todos se comprometam com a nossa luta”, prometeu ainda Paulo Pinto.
Ainda com Santos Silva e José Luís Carneiro no interior do edifício a mobilização do protesto dilui-se.