Polícias municipais detidos por explorarem mulheres para a prostituição em Lisboa
Dois agentes da PSP, atualmente integrados na Polícia Municipal de Lisboa, e uma mulher foram detidos por suspeitas de estarem envolvidos num esquema de tráfico de seres humanos com vista à exploração sexual de mulheres para a prostituição na cidade de Lisboa. Outras duas pessoas foram constituídas arguidas.
Corpo do artigo
Em comunicado enviado às redações, a PSP não especifica se os polícias municipais estão entre os três detidos ou se só foram constituídos arguidos, mas fonte oficial do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP confirmou, ao JN, a detenção daqueles dois elementos.
No total, foram realizadas sete buscas domiciliárias, na zona da Grande Lisboa e no Algarve, que tinham como objetivo recolher indícios da prática de vários crimes relacionados com o tráfico de seres humanos e lenocínio agravado.
"A investigação, que decorre há cerca de um ano e meio, identificou uma estrutura que explorava mulheres para a prostituição, submetendo-as a condições degradantes e desumanas, obrigando-as a trabalhar de forma quase permanente, limitando a sua liberdade e autodeterminação", informou este órgão de polícia criminal.
De acordo com a PSP, a estrutura era composta por uma mulher que geria o negócio e que contava com vários colaboradores, quer no espaço utilizado para a prostituição, quer como rede de apoio. Foram também identificados dois polícias, atualmente em funções na Polícia Municipal de Lisboa, que a PSP acredita estarem ligados ao negócio da exploração das mulheres para a prostituição.
Das sete buscas domiciliárias, seis foram realizadas a residências dos suspeitos e uma ao local utilizado para a prática da prostituição. Também a Polícia Municipal de Lisboa, local de trabalho dos dois agentes investigados, foi alvo de visita por parte dos polícias da Divisão de Investigação Criminal.
Os detidos serão esta quinta-feira apresentados a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.
Moedas chamado a pronunciar-se
Entretanto, o Bloco de Esquerda (BE) apresentou esta quinta-feira um pedido de esclarecimentos ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, sobre a detenção dos dois agentes, pedindo igualmente a presença do comandante da Polícia Municipal na próxima reunião do executivo. Na nota enviada às redações, assinada pela vereadora Beatriz Gomes Dias, o BE considera tratar-se de uma situação "muito grave".
O Bloco questiona se Moedas tinha conhecimento da situação e, se o tinha, há quanto tempo foi informado e que ações irá realizar na sequência dos acontecimentos. O partido questiona ainda o social-democrata sobre a sua disponibilidade em chamar o comandante da Polícia Municipal de Lisboa para prestar esclarecimentos ao executivo.