Quando, na terça-feira, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, anunciava um reforço de 20 milhões de euros do investimento em alojamento para agentes da PSP já cerca de mil polícias tinham sido notificados pelo Comando Metropolitano de Lisboa para abandonar as suas camaratas. O objetivo da medida é abrir vagas para os formandos que estão a acabar o curso, mas há polícias a ameaçar abandonar a PSP se tiverem de pagar um apartamento na capital do país.
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"Mais de uma dezena de polícias já manifestaram a intenção de sair da PSP, porque não têm condições para sustentar os custos com uma habitação em Lisboa durante vários anos", refere o presidente do Sindicato Independente e Livre da Polícia (SILP).
Ao JN, Paulo Monteiro explica que, no início deste mês, os polícias que pernoitavam há mais de três anos nas camaratas da PSP de Lisboa foram notificados para abandonar as instalações em 20 dias. O prazo seria alargado para o final de setembro, mas uma terceira notificação, enviada ontem, fixou a data de saída em 15 de setembro.
"A prioridade de alojamento é conferida aos polícias na sua primeira colocação que, inevitavelmente, iniciam a sua carreira em Lisboa", justifica a Direção Nacional da PSP. Fonte oficial descreve que, "cada vez que se termina um novo curso, o alojamento tem de ser desocupado (por ainda ser em número insuficiente), para permitir o alojamento dos novos polícias".
Os agentes que vivem nas camaratas pagam, dependendo da tipologia, entre 5 e 30 euros mensais para viver nas camaratas. Valor que sobe, garante Paulo Monteiro, para os 500 euros se a estadia for num apartamento, mesmo que partilhado.
"Centenas de polícias vão ser prejudicados. Não é só através do aumento salarial que se torna a profissão mais atrativa", defende o presidente do SILP.
"É urgente que seja criado um subsídio de habitação, pelo menos por dois anos, para quem viva a mais de 50 quilómetros do local de serviço. O vencimento policial é incomportável para as rendas praticadas em Lisboa", alega, por sua vez, o líder da Organização Sindical dos Polícias, Pedro Carmo.