Centenas de polícias, militares da GNR e guardas prisionais deslocaram-se, esta quinta-feira à tarde, até à Assembleia da República para assistir a debate que os desiludiu.
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São polícias há mais de uma década e, esta quinta-feira, foram dois dos cerca de 150 profissionais da PSP, GNR e Corpo da Guarda Prisional que, por falta de lugares, não conseguiram assistir ao vivo ao debate em plenário na Assembleia da República sobre o aumento do suplemento de serviço e risco das forças de segurança. Mas nem por isso deixaram de acompanhar, pelo telemóvel, a discussão.
“É mais do mesmo. Não chegam a um consenso. Andam com populismos de Esquerda e de Direita para aqui, aproveitamentos políticos para ali, e não resolvem o problema”, desabafam ao JN, sob anonimato por não terem autorização para falar, os agentes, ainda antes de se confirmar o chumbo, por PSD, PS e CDS-PP, dos projetos de lei de Chega, PCP e PAN que visavam dar resposta à exigência das principais estruturas sindicais da GNR e PSP para um aumento faseado, até 2026, de 400 euros/mês do subsídio.
O Governo já garantiu que não pode ir além de um acréscimo de 300 euros mensais e, na terça-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou mesmo que o Executivo não vai adicionar “nem mais um cêntimo” à proposta apresentada. A expressão fez temer que, incitados pelo Chega, que agendou o debate, o dia de ontem ficasse marcado por fortes protestos no Parlamento, mas tal não se confirmou.
Sindicato admite protestos
Embora se tenham deslocado à Assembleia da República, em Lisboa, cerca de 700 polícias, militares e guardas prisionais que queriam assistir ao debate, o ambiente no exterior foi, salvo raras manifestações de impaciência pela demora na entrada devido aos habituais procedimentos de segurança, sempre tranquilo, mesmo quando a lotação para o público esgotou.
A calma manteve-se, num misto de indiferença e revolta, durante o chumbo dos diplomas. E até um vaso com cêntimos recolhidos na fila, para serem entregues a Montenegro, ficou sem destino. “Resta-nos ponderar se não seria tempo de os polícias regressarem à luta”, frisou o vice-presidente do Sindicato Independente dos Agentes de Polícia, Rui Neves.
Esta quinta-feira à tarde, não faltou, de resto, entre quem entrou no Parlamento e ficou à porta, quem deixasse escapar que mesmo mais 400 euros não corrigem a “injustiça” de a Polícia Judiciária ter, desde o final de 2023, um subsídio de missão mensal de 1026 euros e a PSP e a GNR não.