“Por vezes, há cidadãos que falam ou entendem português, mas fazem de conta”
Olga Guedes, de 55 anos, nascida na Geórgia, na antiga União Soviética, tem nacionalidade portuguesa e é intérprete de russo e ucraniano nos tribunais há 30 anos. Ao JN, diz que há empresas contratadas pelos tribunais que recrutam intérpretes e tradutores nas redes sociais ou na rua.
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O que é que está mal e pode ser melhorado?
Era preciso que a lista que existe no Ministério da Justiça chegasse a todos os tribunais. Há empresas que contratam pessoas sem formação e sem experiência para intérpretes e pagando-lhes apenas 50 euros [por serviço]. Nem todas, é verdade, mas algumas só servem para nos tirar o pão... Ando há 30 anos nisto, e só uma vez, em Guimarães, é que um juiz me perguntou qual era a minha formação e experiência. Respondi que sou licenciada, tenho mestrado e pós-graduação em Direito Fiscal, e ele disse: “Ah, ok!”. Mas há muitos que pouco sabem de português e muito menos de regras básicas do Direito. Há dias, num tribunal nortenho, duas pessoas, arguidas num processo, pediram ao juiz que aceitasse um intérprete escolhido por elas... Só que este tem já três condenações e é arguido num caso em Braga. É preciso que o Governo clarifique quem é ou não apto para a função.