O português Micael da Silva Montoya foi hoje condenado a um cúmulo jurídico de 124 anos de prisão, por quatro homicídios e nove tentativas de homicídio, num casamento realizado em Torrejón de Ardoz, Madrid, a 6 de novembro de 2022. O arguido atropelou os convidados da boda, na sequência de um desentendimento.
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Segundo a sentença do Tribunal Provincial de Madrid, Micael é "um predador letal", com uma compulsão para matar, revela a "Cadena Ser", levando os magistrados a recusar aceitar os atenuantes invocados pela defesa, para evitar a pena máxima em Espanha. Um júri popular já tinha considerado o suspeito como culpado dos crimes cometidos no casamento de Sonia e Ruben, seus familiares afastados. Terá de cumprir, pelo menos, 18 anos de prisão, até pode pedir uma revisão da sentença.
Segundo a acusação, a 6 de novembro de 2022, Micael da Silva Montoya, depois de alguns conflitos com outros convidados, foi expulso, com a mulher e filhos menores, pelos patriarcas das famílias. O acusado, conhecido como "El Portugués", dirigiu-se então ao seu carro, mas, em vez de abandonar o local, investiu contra as dezenas de convidados que estavam à porta do restaurante. No atropelamento que atingiu 13 pessoas, morreram uma mulher de 66 anos, dois homens, de 68 e 37, e um menor, de 17 anos, todos espanhóis.
Defesa alega fuga de perseguição e agressão
A defesa argumentou, durante o julgamento e nas alegações finais, que o português fugia de uma perseguição e agressão de convidados do casamento e pediu a absolvição, considerando que está justificada pelo "medo insuperável" e pelo "estado de necessidade" do acusado naquele momento. Mas tal tese não foi acolhida pelo tribunal.
As acusações particulares reiteraram o pedido de prisão efetiva e realçaram que, na declaração feita em tribunal, o homem entrou em múltiplas contradições. Disse que entrou no carro, com dois filhos menores, para fugir dos convidados do casamento, que na sequência de uma discussão originada no interior do restaurante da festa, o perseguiam e ameaçavam de morte com "navalhas e pistolas".
Segundo o relato que apresentou em tribunal, entrou no carro para abandonar o local, buzinou sempre para todas as pessoas se afastarem e foi quando ouviu tiros que se baixou e o veículo acelerou "com o peso" do seu corpo, negando assim a acusação de que o fez de forma intencional.
O homem garantiu que não teve consciência de ter atropelado pessoas e que só percebeu o que se tinha passado quando, horas mais tarde, a Polícia o deteve numa outra zona da região de Madrid. "O carro acelerou pelo peso do meu corpo. Eu não tinha intenção de atropelar [ninguém]. Queriam matar-me com as pistolas e as navalhas", disse, garantindo que ouviu um impacto, viu um espelho do carro partido quando voltou a levantar-se, mas não viu sangue. "Não sabia que tinha atropelado essas pessoas", afirmou.