O atual presidente da Câmara de Viseu, António Almeida Henriques, foi constituído arguido por suspeitas de dois crimes de prevaricação em negócios com José Simões Agostinho, um dos visados da Operação Éter.
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Foi este o caso que levou o ex-presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Melchior Moreira, atualmente em prisão preventiva, a ser acusado de crimes de corrupção, peculato, abuso de poder, falsificação de documentos e participação económica em negócio envolvendo também o empresário de Viseu José Agostinho.
Contactado pelo JN, Almeida Henriques diz-se tranquilo. O autarca explica nada ter "a ver com os factos relacionados com a designada Operação Éter. "Em relação a outros eventuais factos sob investigação, só me pronunciarei quando conhecer o que consta do respetivo processo, sendo certo que estarei sempre disponível para colaborar com a Justiça e contribuir para o apuramento da verdade", afirmou o autarca, que fez uma ressalva: "todavia, creio ser fundamental realçar que o princípio da presunção de inocência não deve jamais ser desrespeitado, seja quem for a pessoa, pelo que meras suspeições não devem nunca dar lugar a julgamentos na praça pública".
sócios indiretos
O autarca - que foi secretário de Estado da Economia de um Governo PSD - foi constituído arguido numa diligência realizada há duas semanas, a cargo da PJ do Porto, na denominada Operação Éter.
Almeida Henriques acabou por não ser incluído na acusação que agora está a ser notificada aos 21 arguidos. Mas o Ministério Público decidiu extrair certidão, para investigação autónoma, considerando existirem indícios de dois crimes de prevaricação.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, em causa estão negócios com José Agostinho, dono e gerente de várias empresas que celebraram contratos com múltiplas câmaras e também montaram as Lojas Interativas de Turismo, criadas por Melchior.
Em outubro do ano passado, o JN noticiou que a PJ e o MP tinham suspeitas que José Agostinho seria um testa de ferro do autarca de Viseu. Almeida Henriques foi sócio e gerente de uma "sociedade mãe" que criou uma empresa com Agostinho. Henriques e o empresário arguido na Operação Éter nunca foram formalmente sócios. Porém, pelo menos entre 2001 e 2008 foram sócios de duas empresas (a Gabiforma e a Celeuma, esta visada na Operação Éter) que, por sua vez, constituíram a NaOnda.Net - Tecnologia de Informação, Lda., para prestação de serviços de "tecnologias de informação". Assim, pelo menos de forma indireta, Henriques e Agostinho tiveram uma relação societária.