Presidente da comarca lamenta incómodos que festa noturna no tribunal causou a vizinhos
A juíza presidente da Comarca do Porto, Ausenda Gonçalves, lamenta eventuais "constrangimentos" causados aos vizinhos do Tribunal de S. João Novo pela festa ali realizada na última noite para assinalar o início das férias judiciais. Como noticiou o JN, a PSP recebeu queixa sobre o ruído da festa.
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"Na sequência da notícia veiculada pelo Jornal de Notícias no dia de hoje, acerca de um jantar realizado na passada terça-feira no edifício S. João Novo, informa-se que no pretérito dia 03 de junho foi solicitada autorização pelo secretário de Justiça para a realização de um jantar de verão, entre funcionários e magistrados, nos claustros daquele edifício", começou por explicar a presidente da comarca, acrescentando que o secretário se comprometeu a "respeitar as normas regulamentares em vigor na comarca, bem como as orientações que lhe têm vindo a ser transmitidas".
Em comunicado enviado ao JN através do Conselho Superior da Magistratura, Ausenda Gonçalves diz então que autorizou o evento "no pressuposto de que tais regras" (que não explicitou no comunicado) "seriam escrupulosamente cumpridas, sendo os órgãos de gestão completamente alheios ao sucedido à margem daquela, lamentando-se os constrangimentos que daí possam ter advindo, nomeadamente, para os residentes nas proximidades desse local".
Música alta
A denúncia do ruído à Polícia foi feita por vizinhos do tribunal, situado numa rua estreita do centro histórico do Porto, que é habitada, na sua maioria, por pessoas de idade avançada.
Na terça-feira à noite, o JN contactou o secretário do tribunal. "Trata-se de um simples jantar", assegurou. Nos vídeos a que o JN teve acesso, é audível música em alto volume. Uma situação que, segundo moradores, se prolongou, pelo menos, até às 01.30 horas.
Os mesmos moradores do Largo e Rua S. João Novo, área que abriga o tribunal, dizem que o mesmo tipo de festa "acontece todos os anos, por alturas do S. João e quando vão de férias". Os vizinhos, na sua maioria idosos, alguns acamados, queixam-se de que nessas datas o tribunal se transforma "numa enorme e ruidosa discoteca".
"A acontecer como das outras vezes, vai durar até às três ou quatro da manhã", disse uma moradora, que telefonou para a esquadra da PSP do Infante, a mais próxima do tribunal, e contou ter recebido uma resposta negativa: "Não temos efetivos para lá mandar." Pouco depois das 23 horas, o JN foi informado de que a Polícia se deslocava para o tribunal. Mas os mesmos moradores que contactaram o JN afirmaram que não viram a polícia no local.