Ao longo dos últimos cinco anos, um toxicodependente roubou tudo o que podia para alimentar o vício da droga e está envolvido em cerca de uma centena de processos, entre Vale de Cambra e Braga.
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Numa das situações, logo que saiu do posto da GNR dos Carvalhos, em Gaia, atravessou a rua e foi apanhado a furtar num supermercado. Apesar do grande número de crimes, de não cumprir as medidas de coação e de não comparecer a tribunal nunca tinha passado um dia na prisão até que, na quinta-feira da semana passada, foi posto em prisão preventiva por comprar tabaco com um cartão multibanco roubado.
O furto que levou Fábio Diogo, de 32 anos, à cadeia foi cometido em abril deste ano quando, em Canelas, Gaia, partiu um vidro de um carro e, do seu interior, furtou uma carteira com três cartões bancários. Usando a tecnologia contactless (que permite fazer pagamentos sem introduzir um código), comprou maços de tabaco até os multibancos serem cancelados e seria localizado, na quarta-feira da semana passada, pela GNR.
Os militares do Núcleo de Investigação Criminal de Gaia detiveram-no e, no dia seguinte, o procurador do Tribunal de Gaia juntou outros quatro processos pendentes, também por furtos e abuso de cartão de garantia ou de crédito, para decretar a sua prisão preventiva. Alegou que Fábio Diogo fazia do crime modo de vida e aquele foi levado para a cadeia de Custóias, Matosinhos.
De Vale de Cambra a Braga
O furto dos três cartões bancários em Canelas não tinha sido o último crime cometido pelo suspeito. Dias antes de ser detido, furtou três garrafas de whiskey de uma loja de conveniência situada junto à Estrada Nacional 109, em Arcozelo, também em Gaia. Entrou, esperou por um momento de distração dos funcionários e saiu com as bebidas.
Este método começou a ser apurado há, pelo menos, cinco anos, em Vale de Cambra, de onde é natural. Fontes judiciais referem, ao JN, que foi nessa altura que Fábio Diogo começou a roubar tudo o que podia para comprar droga. Além de estabelecimentos comerciais, partia vidros dos automóveis para furtar objetos valiosos (rapidamente vendidos no mercado negro) e cartões bancários, com que adquiria maços de tabaco. Furtou, ainda, várias viaturas, que lhe permitiam circular pelo Grande Porto e deslocar-se a cidades mais distantes como Braga. Sempre com o intuito de roubar.
Fábio Diogo está ligado a cerca de uma centena de processos e foi detido várias de vezes, quer pela GNR, como pela PSP. Numa das ocasiões, foi levado para o posto dos Carvalhos e constituído arguido. Mas logo que libertado, atravessou a rua, entrou num supermercado e cometeu mais um furto. Foi apanhado, mas como o comerciante não apresentou queixa, não seria detido novamente.
Não respeitava medidas de coação
Sempre que era abordado pelas autoridades, Fábio Diogo indicava como residência a morada dos pais, em Vale de Cambra, e era para ali que seguiam as notificações a intimá-lo para comparecer em tribunal. Nunca cumpriu nenhuma e, a pernoitar entre os bairros da Pasteleira Nova e Dr. Pinheiro Torres, no Porto, também não era levado à força pela Polícia.
Aliás, o suspeito não respeitou igualmente nenhuma das sucessivas medidas de coação, inclusive apresentações em instalações policiais, que foi acumulando ao longo dos anos.
Mesmo assim, nunca tinha estado na cadeia até à quinta-feira da semana passada, porque, a baixa moldura penal de cada um dos crimes de que era suspeito não permitia que ficasse encarcerado.