Fernando Madureira admite que mobilizou adeptos para "primárias". Negou intimidação e assegurou que ameaças eram em sentido figurado.
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Fernando Madureira garantiu esta segunda-feira que não houve qualquer plano para condicionar ou intimidar os sócios na assembleia geral (AG) do F. C. Porto de 13 de novembro de 2023, como sustenta a acusação. É verdade que mobilizou um grande número de pessoas, porque era como se fossem "umas eleições primárias" e era preciso apoiar Pinto da Costa. O ex-líder dos Super Dragões desvalorizou as ameaças feitas, dizendo que "eram no sentido figurado".
"Macaco" falou hoje ao longo de três horas, com um intervalo para o almoço pelo meio. Mais magro, Madureira lamentou a "campanha orquestrada durante meses nas redes sociais e na comunicação social a dizer coisas falsas". Mobilizou os Super Dragões, tal como a candidatura de André Villas Boas mobilizou os seus apoiantes. A AG "eram umas primárias", explicou. Apesar de reconhecer a importância de ter muitas pessoas, Madureira negou ter andado a distribuir cartões de sócio ou a roubar pulseiras. Só tentara agilizar a fila de credenciação, que estava muito longa. "Sugeri ir com a caixa às pessoas na fila, como fazem na Ryanair, mas a ideia não foi aceite".
Madureira explicou que disse aos Super para irem para bancada central da Dragão Arena para estarem mais perto do que se estava a passar, não para pressionar ninguém.
Sobre as agressões, "Macaco" ficou "extremamente nervoso, angustiado e triste por ver sócios do Porto contra sócios do Porto". Mas assegurou que "foram atos isolados que nada tiveram a ver com os Super. Foi tudo criado por uma máquina de campanha de André Villas Boas para ganhar as eleições", acusou.
Após o almoço, Madureira voltou a negar os insultos e ameaças. "Só cânticos a apoiar o Porto ou "Pinto da Costa, allez"". Porém, Macaco foi confrontado com uma mensagem que enviou a uma adepta do Porto que deixara uma mensagem de apoio a AVB. "Vais começar a pedir bilhetes ao Villas Boas. Na próxima vez que fores a um jogo, vens pelos cabelos para a rua". O ex-líder dos Super desvalorizou. Disse que a ameaça "era no sentido figurado", que tem esposa, mãe e duas filhas, "era incapaz de fazer isso".
Houve um momento em que Madureira começou a acusar a campanha de Villas-Boas de ter incendiado os ânimos antes da AG, mas a juíza não o deixou prosseguir. "André Villas-Boas não está aqui a ser julgado. O que está aqui em causa é a atuação dos arguidos", explicou.
"Cheguei e bati-lhe o coro"
Hugo "Polaco" teve um depoimento marcado por vários momentos de humor. Apesar de não ser sócio do F. C. Porto nem dos Super, ia às assembleias porque "gostava de ouvir os discursos".
Na AG não se credenciou. "Cheguei lá, pedi e a senhora deixou-me entrar". Depois, voltou para trás. "Bati-lhe o coro e pedi-lhe umas pulseiras para a minha mulher e umas amigas do trabalho". E conseguiu. "Ela é que tem a culpa. Ela é que me deu as pulseiras", atirou.
"Polaco" disse que esteve sempre sentado na bancada e não viu nenhuma altercação. "É a mais pura das verdades", garantiu. A juíza Ana Dias confrontou-o com imagens em que, do lado de dentro, abre uma porta do pavilhão para entrarem pessoas. Explicou que era um senhor que se estava a sentir mal lá fora.
"O senhor tem o dom de ver pelas paredes", ironizou a juíza.
Vítor Aleixo começou a prestar declarações. Admitiu ter dado uma bofetada a um rapaz que estava a insultar Pinto da Costa. E disse que gostaria agora de saber quem era, para lhe pedir desculpas.