Começam a ser julgados esta quarta-feira, no tribunal de Guimarães os dois primos que mataram à facada um empresários de 32 anos, à porta do bar Matriz, em Famalicão. Os dois arguidos, Nélson e Licínio, estão acusados de homicídio qualificado consumado de José Ferreira, e tentado do gerente do bar.
Corpo do artigo
Nas notas introdutórias ao julgamento, a defesa de Licínio, assegurada por Aníbal Pinto, afirma que este deu um golpe em João Araújo em legítima defesa, porque este o agrediu. João Peres, advogado de Nélson, diz que o arguido está inocente e preso injustamente.
Os dois estão acusados de terem morto o empresário e ferido o gerente do bar movidos por "sentimentos de vingança e de natureza fútil por terem sido expulsos e para evitar o pagamento da diminuta quantia de duas bebidas (oito euros)". Tudo aconteceu no dia 12 de fevereiro de 2023 quando Licínio e Nélson foram ao Matriz com as namoradas. Segundo a acusação, Licínio envolveu-se numa discussão com um grupo, mas a discussão só não acabou em violência porque o segurança interveio. Nessa altura, o gerente terá obrigado os dois a sair e avisou que não tinham pagado as bebidas.
O Ministério Público (MP) acredita que "imbuídos de desejos de vingança, os arguidos acordaram fugir do local de qualquer forma usando se necessário de força física e de armas brancas". Licínio, diz a acusação, golpeou o gerente que terá tentado avisar José que os arguidos tinham facas. Mas nessa altura, já o empresário estava próximo de Nélson. Envolveram-se em "agressões físicas" e José foi atingido com dois golpes de navalha. De resto, a causa direta da morte foi a laceração do ventrículo esquerdo do coração.
Os dois fugiram do local. Licínio deixou cair os documentos no local e foi detido em março, e Nélson entregou-se 11 dias depois à Polícia Judiciária.
Nélson chegou a pedir a instrução do processo alegando que não matou o empresário nem esteve envolvido nas agressões, contudo durante o inquérito havia dito que que não viu o primo com facas.
Na instrução, apresentou uma versão diferente dizendo que viu o primo a agredir José e o gerente do Matriz e a atirar a faca para um monte. O juiz considerou que esta versão não fazia sentido nomeadamente, por ter sido ele a entregar a faca meses depois, embora sabendo onde ela estava.
Nélson vai, assim, ser julgado por homicídio qualificado consumado e o primo por homicídio tentado, detenção de arma proibida e ofensas à integridade física.