Prisão de Mário Machado por incitar a violência contra mulheres "dá grande conforto" à PJ
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, considerou, esta quarta-feira, que a condenação do militante neonazi Mário Machado a prisão efetiva por ter incitado à "prostituição forçada" de mulheres de partidos de Esquerda é uma decisão que dá "conforto" à instituição "do ponto de vista humano".
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"É uma decisão, do ponto de vista jurídico da investigação criminal e do ponto de vista humano, que nos dá grande conforto", reagiu em Lisboa, à margem de uma conferência da PJ para assinalar o Dia Internacional contra a Corrupção, Luís Neves, sublinhando que a condenação surge na sequência do "longo historial" criminal de Mário Machado.
"Estamos a falar de crimes de ódio, de incitamento à violência, designadamente perante mulheres que eram expostas só porque pertencem a estruturas políticas de Esquerda. Isso é absolutamente inadmissível", acrescentou o diretor nacional da PJ.
Em causa está uma troca de tweets ocorrida no Twitter (atual X) em 2022 entre Mário Machado, de 47 anos, e Ricardo Pais, de 43, na qual apelaram à "prostituição forçada" de mulheres de partido de Esquerda, em particular de Renata Cambra, então porta-voz do Movimento Alternativa Socialista (MAS). Em maio deste ano, 2024, Ricardo Pais foi, dada a ausência de cadastro, punido com pena suspensa pelo Tribunal Criminal de Lisboa, enquanto Mário Machado foi, atendendo aos seus antecendentes criminais, sancionado com dois anos e dez meses de prisão efetiva.
A condenação de ambos, por incitamento ao ódio e à violência, foi confirmada na sexta-feira, 5 de dezembro, pelo Tribunal da Relação de Lisboa. A investigação tinha sido da PJ.
"É, para nós, a única recompensa que estas vítimas que viveram aterrorizadas durante demasiado tempo têm com base no nosso trabalho. Em nome dos valores humanistas que subjazem à nossa atividade, a maior recompensa para nós é ter um resultado em que as vítimas ficam salvaguardadas", concluiu.
A defesa de Mário Machado já anunciou que vai recorrer para o Tribunal Constitucional, a única instância que resta. O atual porta-voz do movimento de extrema-direita 1143 permanece, por isso, em liberdade.