O empresário brasileiro de 50 anos apanhado a descarregar uma tonelada de cocaína dissimulada em tijoleira num armazém em Vila do Conde, em 2022, foi condenado a dez anos e meio de prisão e será expulso de Portugal durante oito anos. O cúmplice de 41 anos, residente em Gaia, foi condenado a oito anos de cadeia.
Corpo do artigo
Esta terça-feira o tribunal de Matosinhos deu como provado que Hermes Tavares elaborou um plano para trazer “elevadas quantidades de droga” para Portugal. Para dar uma aparência lícita ao negócio criou uma empresa em Portugal e, considerou o coletivo de juizes, decidiu integrar o gaiense Manuel no negócio.
Para os juízes durante o julgamento ficou claro que, ainda no Brasil, “Hermes ou alguém a seu mando cortou o interior das placas de cerâmica” e aí acondicionou mais de mil quilos de cocaína. A droga, suficiente para quatro milhões de doses, valeria na rua mais de 40 milhões de euros
Depois disto, Hermes contratou uma firma para transportar a carga e viajou para Portugal, onde, “juntamente com Manuel, providenciou” pela recolha do contentor que chegou através do porto de Leixões, tendo para isso contratado uma outra empresa de transportes. Esta levou o contentor desde o porto de Leixões até um armazém em Árvore, Vila do Conde.
No momento em que Hermes, Manuel e outros três arguidos estavam a começar a decarregar o contentor foram abordados pelos inspetores da Polícia Judiciária do Porto e detidos.
O tribunal deu ainda como provado que a cocaína pertencia a Hermes e Manuel e que ambos “atuavam em conjugação de esforços” para conseguir “elevados proveitos”. Não teve dúvidas também de que Hermes agiu em nome da empresa, que é também arguida no processo e foi condenada a pagar uma multa de 216 mil euros.
O coletivo de juízes absolveu os restantes três arguidos - Luís, Diego e Igor - considerando que não ficou provado que tivessem conhecimento do plano e da existência da droga. Os dois primeiros foram absolvidos por terem ficado dúvidas sobre o seu envolvimento e o terceiro porque “não praticou qualquer crime”.
Durante todo o processo o empresário sempre negou as acusações, dizendo desconhecer de quem seria a cocaína e justificando que fazia importação de kits de casas pré fabricadas. Apesar dos materiais importados terem sido adquiridos numa superfície comercial no Brasil que tem várias lojas em Portugal, o empresário tentou fazer crer ao tribunal que no Brasil eram mais baratos.