"Problema urinário" justifica entrega de 25 mil euros a advogado na casa de banho
Arguido João Lopes explica por que é que se encontrou com investidor imobiliário Paulo Malafaia em sanitários do Norteshoping, mas nega que o dinheiro tenha ido parar às mãos do então vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, Patrocínio Azevedo.
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João Lopes, advogado de Gaia que aqui está a ser julgado, com outros 15 arguidos, por pretenso envolvimento em crimes económicos e violação de normas de licenciamento urbanístico de Gaia, em benefício de dois promotores, também acusados, disse esta segunda-feira em tribunal que os 25 mil euros que recebeu numa casa de banho eram para si e não, como acusa o Ministério Público, para Patrocínio Azevedo, o ex-vice-presidente daquela autarquia, e principal arguido no processo.
João Lopes reafirmou o seu arrependimento por ter dado a entender aos investidores Paulo Malafaia e Elad Dror que as "luvas" que lhes pediu se destinavam ao então vice-presidente da autarquia.
Instado a explicar o porquê da entrega de dinheiro, a 23 de junho de 2021, "numa casa de banho" do Norteshoping, Lopes não se afligiu e retorquiu prontamente: "Fomos à casa de banho porque o senhor Malafaia tem um problema urinário ". E não vá a circunstância prestar-se a interpretações maldosas, adiantou: "Eu fiquei junto aos lavatórios e ele foi para um dos gabinetes". Aí o outro terá posto 25 mil "numa bolsa preta de pôr à cintura" e entregou-lha.
João Lopes voltou a recusar ter pressionando Patrocínio Azevedo, garantindo que as duas tranches de 25 mil que recebeu foram sempre para si próprio: "O senhor engenheiro [Patrocínio], nem um tusto recebeu", enfatizou.