Clientes pagavam 150 euros/hora por serviços sexuais contratados em site de acompanhantes de luxo. Denúncia de três prostitutas levou Polícia Judiciária a deter cabecilhas da rede
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Um casal e uma amiga lucraram, durante seis anos, pelo menos, meio milhão de euros com uma rede de prostituição de luxo. O esquema foi, agora, desmantelado pela Polícia Judiciária do Porto, depois de três mulheres, obrigadas a entregar a maior parte dos 150 euros que cobravam por uma hora de serviços sexuais, terem denunciado uma organização, cujos três mentores, com idades entre os 34 e os 46 anos, foram detidos por tráfico de pessoas, lenocínio agravado, auxílio à imigração ilegal, fraude fiscal e branqueamento.
O casal, residente numa quinta de Amares, e a comparsa, a viver no Porto, tinham tudo muito bem delineado. Por indicação de outras prostitutas que já estavam em Portugal, convidavam mulheres (todas oriundas do Brasil e que preenchiam os requisitos de beleza e apresentação estabelecidos) a atravessarem o Atlântico com o intuito de aqui se prostituírem. As vítimas entravam no país com um visto de turista e sabendo o que as esperava, mas sem desconfiar que, uma vez instaladas, lhes seriam retirados os documentos de identificação. Findo o período do visto, permaneciam em Portugal ilegalmente e dependentes dos cabecilhas da rede.
Serviços sexuais contratados através de site de acompanhantes de luxo
Eram estes, nomeadamente um casal residente numa quinta de Amares, Braga, e uma mulher a viver no Porto, que tratavam de tudo relacionado com a prostituição. Começavam por publicar fotos e vídeos das mulheres num site de classificados de acompanhantes de luxo e era nesta plataforma eletrónica que os clientes - sobretudo homens com elevado poder económico - escolhiam a companhia e o serviço sexual.
O preço a pagar nunca era inferior a 150 euros/hora e os encontros aconteciam na residência do cliente ou em hotéis de cinco estrelas. Noutros casos, as relações sexuais eram mantidas num luxuoso apartamento do sétimo andar de um prédio, situado na cidade do Porto, e ao qual os homens acediam por um elevador privado. Era também neste apartamento que as mulheres habitavam e de onde saíam, todos os dias, para irem ao ginásio e tratarem da sua imagem.
Apesar de não terem acesso aos seus documentos de identificação, as mulheres não eram mal tratadas, mantinham a liberdade de movimentos e beneficiavam de alguns luxos. Eram, no entanto, forçadas a entregar a maior parte dos ganhos obtidos com a prostituição aos líderes da rede, que alegavam que o dinheiro era necessário para pagar as despesas com as viagens de avião, publicitação dos serviços sexuais no site e alojamento.
Mulheres fogem e denunciam
Terá sido esta obrigatoriedade que, há mês e meio, levou três mulheres a fugir e a denunciar o esquema montado há seis anos e que terá rendido, pelo menos, meio milhão de euros ao casal, que se deslocava num Porsche Panamera, e à comparsa, dona de um potente Mercedes.
A investigação que se seguiu permitiu aos inspetores da PJ obter prova para, nos últimos dias, avançar com buscas à quinta de Amares, onde funcionava um hotel canino que as autoridades suspeitam servir unicamente para branquear os lucros da prostituição, e a dois apartamentos no Porto. No final, o casal e a amiga foram detidos.