O PSD/Valongo convidou esta quarta-feira o vice-presidente da Câmara Municipal, Paulo Esteves Ferreira, a refletir sobre a sua manutenção de funções após ter sido constituído arguido por suspeitas de corrupção no licenciamento de um restaurante da cadeia McDonald’s.
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Fontes policiais adiantaram à agência Lusa que em causa estão suspeitas de corrupção e de outros crimes económicos envolvendo o vereador do PS e candidato à presidência da câmara, Paulo Esteves Ferreira, que tem os pelouros das obras municipais e o licenciamento de obras particulares, um responsável que trabalha no setor da expansão da McDonald’s Portugal e um promotor imobiliário.
Os três visados foram constituídos arguidos no âmbito deste inquérito, que investiga crimes de corrupção nos setores público e privado, prevaricação e violação das regras urbanísticas.
Em comunicado, o presidente da comissão política de secção de Valongo do PSD, Hélio Rebelo, diz que “a gravidade da investigação e potencial acusação do Ministério Público deve convidar a uma reflexão do vereador e atual candidato Paulo Ferreira para confirmar se continua com condições para se manter em funções”.
Para o dirigente social-democrata, o assunto “devia também merecer reflexão por parte do atual presidente da Câmara [José Manuel Ribeiro] que, mais entretido com a sua campanha na Maia, parece ignorar há muito as suas obrigações”, responsabilizando-o também pela escolha para seu vice-presidente do agora arguido.
O PSD/Valongo insta as autoridades competentes a prosseguir com as investigações de forma “célere e rigorosa, de modo a apurar toda a verdade e a aplicar as devidas consequências aos responsáveis por estes atos”.
“As alegações que envolvem um esquema de corrupção para facilitar o licenciamento do restaurante McDonald’s apontam para uma teia de cumplicidades e favorecimentos promovida pelo vereador Paulo Ferreira que, sendo verdade, são inaceitáveis”, considera a concelhia social-democrata.
Ainda segundo fontes policiais, o promotor imobiliário terá dado patrocínios ao Clube de Propaganda de Natação, em Ermesinde, obtendo, supostamente, como contrapartida do vereador, “facilidades e rapidez” no licenciamento urbanístico de um restaurante da multinacional.
Do funcionário da McDonald’s Portugal, o empresário ligado ao ramo imobiliário receberia “informações privilegiadas” sobre as novas lojas que a cadeia internacional pretendia construir no norte do país, nomeadamente no concelho de Valongo.
Em troca destas informações, o funcionário da multinacional da restauração terá recebido dinheiro do empresário, em várias ocasiões, entre 2020 e 2022.
Além da Câmara de Valongo, os inspetores da PJ fizeram buscas em empresas em Braga e no distrito de Lisboa, nomeadamente às sedes da empresa imobiliária e da McDonald’s Portugal.
A Lusa tentou contactar Paulo Ferreira para obter uma reação, mas até ao momento não foi possível.