Número de detidos cresceu 14% relativamente ao período homólogo de 2021. Maioria dos agressores foi apanhada pela Polícia a atacar a companheira/o, mas 132 maltrataram menores. Aumento de espaços de acolhimento, especialização dos agentes em violência doméstica e ligação direta ao Ministério Público tornou mais eficaz atuação policial
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A PSP de Lisboa deteve, nos primeiros seis meses deste ano, 177 suspeitos de violência doméstica. São mais de seis agressores apanhados por semana. A maioria dos detidos estava indiciada por atacar a companheira/o, mas 132 foram levados pela Polícia por maltratar menores.
Os números são avançados pelo Comando Metropolitano de Lisboa da PSP e mostram que a quantidade de detidos neste ano cresceu, comparativamente com os primeiros seis meses de 2021, 14%. "Entre 1 de janeiro e 30 de junho, do presente ano foram registados 2888 crimes de violência doméstica, entre eles 2397 contra cônjuge ou análogos e 132 contra menores, sendo no total efetuadas 177 detenções", refere a PSP de Lisboa.
O número de detidos já alcançado este ano representa um crescimento de 14% relativamente ao período homólogo de 2021, no qual "se registaram 2284 notícias de crimes relativos a violência doméstica e foram detidos 153 cidadãos". "Aumentaram as denúncias após um período de confinamento. Mas também houve uma maior eficácia do trabalho policial", explica o porta voz da PSP de Lisboa, comissário Artur Serafim.
Equipas de proximidade para apoiar vítimas
A estatística atual surge na sequência da implementação do Modelo Integrado de Policiamento de Proximidade, no âmbito do qual foram criadas Equipas de Proximidade e de Apoio à Vítima. "Equipas estas que constituem uma primeira linha de intervenção, de proteção, segurança, atendimento, acompanhamento, apoio e encaminhamento das vítimas, nesta problemática da violência doméstica" salienta a PSP.
O Comando Metropolitano de Lisboa destaca, ainda, que "as equipas de investigação criminal da PSP constituem uma segunda linha de intervenção, sendo responsáveis pela gestão do local do crime, recolha dos meios de prova, inquirição de testemunhas e apreensão de objetos (designadamente armas)". Diligências que são "consideradas relevantes no âmbito do inquérito" e sustentam a detenção dos agressores.
Lisboa tem sete espaços para acolher vítimas
A PSP salienta, de igual modo, a existência de sete locais na Área Metropolitana de Lisboa para acolher vítimas de violência doméstica, nomeadamente o Espaço Júlia (Lisboa Centro), a Casa Pilar (Cascais), o Espaço Okazo (Amadora), o Espaço Eu Consigo (Vila Franca de Xira), a Casa da Maria (Oeiras), o Campus Justiça (Lisboa Parque das Nações) e a AColher (Sintra). "Estes espaços foram criados para garantir um atendimento especializado e adequado a cada tipo de vitimação, particularmente nos casos de crimes mais violentos ou quando as vítimas se encontrem mais vulneráveis e fragilizadas", descreve.
O porta voz da PSP de Lisboa garante que estes espaços têm todas as condições para acolher as vítimas de violência doméstica nas horas seguintes a um episódio violento e contam, cada uma, com "sete a dez agentes especializados". "Entre 2019 e este ano, foram efetuadas 54 ações de formação de combate à violência doméstica, que abrangeram 1453 polícias, que estão a trabalhar no atendimento às vítimas", afirma.
O comissário Artur Serafim acrescenta que a PSP dispõe também, em permanência, de um oficial coordenador de violência doméstica, que faz a ponte com o Ministério Público e os procuradores responsáveis pelas Secções Especializadas Integradas de. Violência Doméstica. "Isto permite a rápida emissão de mandados de detenção fora de flagrante delito e a aplicação imediata de medidas de proteção à vítima, ações que aumentam a eficácia da intervenção policial", assegura o oficial.