A "operação especial de prevenção criminal" realizada esta quinta-feira pela PSP na zona do Martim Moniz, Lisboa, culminou na detenção de um homem na posse de uma arma branca e alguma droga. Um segundo indivíduo foi detido em cumprimento de mandado de detenção pela suspeita de oito crimes de roubo.
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Dezenas de pessoas foram, esta quinta-feira à tarde, encostadas à parede, com os braços levantados, para serem revistadas pela PSP, na Rua do Benformoso, zona lisboeta do Martim Moniz, onde reside e trabalha grande número de imigrantes. Foi mais uma “operação especial de prevenção criminal”, que, apesar do aparato, se saldou por dois detidos, um jovem de 27 anos, pela posse de uma arma branca e canábis, e um homem sobre quem pendia um mandado de detenção judicial, suspeito de pelo menos oito crimes de roubo. BE, PCP e Livre reagiram de imediato, classificando a ação policial como desproporcionada e reclamando a presença da ministra da Administração Interna na Assembleia da República. Para o primeiro-ministro, a operação foi “muito importante” para aumentar a sensação de tranquilidade.
A operação estava ainda em curso quando, minutos antes da 15 horas, a PSP comunicou que o objetivo era “deter suspeitos da prática de crimes de posse ilegal de arma e apreender armas” e “aumentar o sentimento de segurança das pessoas que utilizam os transportes públicos, espaços que dão acesso a estes, bem como nas áreas adjacentes, fiscalizando os utentes suspeitos dos transportes públicos”. O plano passou ainda por vistoriar “cafés, associações”, entre outros locais “de maior risco”, e executar seis mandados de buscas não domiciliárias.
“Perseguição aos imigrantes”
Com a divulgação de imagens de dezenas de pessoas encostadas à parede, sob a vigilância de agentes armados, numa rua totalmente encerrada pela PSP, não tardou que o BE, o PCP e o Livre viessem anunciar a intenção de chamar a ministra Margarida Blasco ao Parlamento para esclarecer os contornos da operação.
O líder parlamentar do Bloco, Fabian Figueiredo, acusou o Governo de ter “embarcado numa campanha de perseguição aos imigrantes” e de estar a “instrumentalizar as forças de segurança para fazer campanha eleitoral”. Classificou ainda as referidas imagens de “aviltantes, revoltantes e indecorosas”. “Isto não se coaduna com os princípios do Estado de direito democrático”, protestou.
O deputado António Filipe também anunciou que o PCP quer ouvir a ministra por as imagens suscitarem “dúvidas quanto à sua adequação e proporcionalidade, sobretudo quando se diz que o objetivo é aumentar a segurança dos cidadãos”. Para o deputado comunista, “fica-se com a sensação de que elas poderão também contribuir para criar algum alarme social”. Rui Tavares, do Livre, considerou “muito importante que as autoridades policiais e a sua tutela política” esclareçam se estas operações têm “razão de existir do ponto de vista da segurança”.
Montenegro aplaude operação
O primeiro-ministro reagiu a partir de Bruxelas. “É muito importante que operações como esta decorram, para que haja visibilidade e proximidade no policiamento e fiscalidade de atividades ilícitas”, sublinhou Luís Montenegro, em conferência de imprensa, sublinhando que aquelas têm o “duplo conteúdo” de aumentar a “tranquilidade dos cidadãos”, por um lado, e combater as “condutas criminosas”, por outro.
Detenção
O detido, de 27 anos, estava num dos estabelecimentos comerciais alvo de busca. Tinha na sua posse uma arma branca (não identificada pela PSP) e canábis, em quantidade que não foi precisada.
Apreensão
Na operação da PSP, foram também apreendidos cerca de cem artigos contrafeitos e 4600 euros em dinheiro. Segundo os números provisórios, foram ainda elaborados dois autos de notícia por contraordenações relativas a estabelecimentos comerciais.