Fundo de Segurança Interna financiou máquinas para recolha de impressões digitais de forma automática.
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A PSP investiu, em 2020, mais de 181 mil euros na aquisição de cinco equipamentos para a recolha automática de impressões digitais a suspeitos de crimes. Contudo, mais de dois anos depois, os "LiveScan" continuam encaixotados numa arrecadação de instalações da Divisão de Investigação Criminal situadas em Belas, Sintra.
Até a garantia dada pelo fornecedor dos equipamentos caducou durante um longo processo de instalação, ainda em curso. A PSP justifica esta demora com "trabalhos técnicos de conexão à rede e testes de segurança, absolutamente imprescindíveis e de complexidade técnica elevada".
A recolha de impressões digitais na PSP continua, assim, a ser feita à moda antiga, com os suspeitos de crimes a serem obrigados a molhar a pele em tinta para depois pressionar os dedos contra um impresso de papel.
O formulário específico é, em seguida, enviado à diretoria da Polícia Judiciária mais próxima do local de recolha, para que os técnicos do Serviço de Perícia Criminalística possam digitalizar o documento e inserir a impressão digital, dedo a dedo e palma a palma, numa base de dados que integra o Sistema de Identificação Automatizada de Impressão Digital, utilizado pelas forças de segurança nacionais.
É através deste sistema (conhecido por AFIS - sistema de identificação automatizada de impressões digitais) que as forças de segurança identificam suspeitos e vestígios lofoscópicos recolhidos em cenários de crime. Mas, com o método de recolha manual ainda em uso na PSP, a celeridade do processo de identificação de suspeitos acaba por ser comprometida, pela inexistência de impressões digitais no sistema, garante fonte policial ao JN.
Conexão difícil
Foi para reduzir o tempo de inserção de dados no AFIS que a PSP adquiriu cinco equipamentos "para recolha de amostras-referência no Laboratório de Criminalística e Ciência Forense e nos seus polos descentralizados".
"A aquisição foi concretizada por intermédio do Fundo de Segurança Interna, no contexto de um concurso público que terminou no final de 2020, no valor de 181 850 euros", confirma a Direção Nacional.
Porém, a nova tecnologia, que funciona como um scanner e permite obter em segundos uma correspondência com uma impressão digital guardada no AFIS, continua, dois anos depois, inacessível aos polícias. "Decorrem atualmente os trabalhos técnicos de conexão à rede e testes de segurança, absolutamente imprescindíveis e de complexidade técnica elevada", justifica a PSP.
Segundo garante a PSP, apesar da demora, "todas as perícias lofoscópicas se encontram asseguradas, pois a PSP tem capacidade e redundância, isto é, colmata as necessidades, sem nunca colocar em causa a realização de diligências forenses, seja no âmbito dos processos de investigação criminal ou dos pedidos diretos apresentados pelos tribunais".
De resto, a PSP sublinha que a "instalação dos equipamentos em apreço, assim que concluída, virá simplesmente, mas de forma relevante, facilitar o trabalho quotidianamente concretizado pela PSP neste âmbito".
Mais de mil suspeitos identificados pela PSP no ano passado
Os 190 técnicos forenses e 40 peritos forenses ao serviço da PSP realizaram, no ano passado, "cerca de 14 mil inspeções judiciárias a cenários criminais", que permitiram identificar "mais de mil pessoas suspeitas da prática de crimes de diversa natureza".
A PSP, "no exercício das responsabilidades legais de investigação criminal concretiza, entre outras, a recolha e análise de indícios e meios de prova. Por intermédio da área de polícia técnica e ciência forense, a PSP tem concretizado uma considerável evolução, quer ao nível do conhecimento científico dos polícias alocados a esta área de atividade, quer no que concerne aos meios tecnológicos aplicados quotidianamente em ciência forense, numa aposta que tem permitido excelentes resultados no apoio ao sistema de justiça em Portugal", salienta a Direção Nacional.
A força policial acrescenta que, "através de um sistema de intervenção forense, devidamente certificado e preparado para atender a todas as solicitações apresentadas pelas autoridades judiciárias a nível nacional, a PSP assegura quotidianamente a conveniente reação e investigação enquadrada no processo criminal".