Um homem de 50 anos foi detido em Lisboa por suspeita de vários crimes de burla. O falso bancário fora liberdado em julho de 2024 por excesso de prisão preventiva enquanto aguardava recurso de uma pena de nove anos de cadeia por 35 burlas. Em quatro meses, lucrou mais 100 mil euros com oito novas burlas.
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Apresentava-se bem vestido, de fato e gravata, e em viaturas de alta cilindrada. Escolhia pessoas de idada avançada, entre os 70 e os 90 anos, e interpelava-as dizendo que era funcionário bancário. Explicava que os cartões das vítimas estavam a expirar e que necessitava do cartão e respetivo PIN para os poder substituir. Na posse dos cartões e dos códigos, usava os códigos para levantamentos e outras operações bancárias sem autoridação dos titulares das contas bancárias.
Uma investigação da PSP, iniciada em 2022, conseguiu ligá-lo a 35 burlas qualificadas e 254 utilizações indevidas de cartão bancário, tendo causado um prejuízo de 163 mil euros às vítimas. Em julgamento foi condenado a nove anos de prisão efetiva.
Libertado por excesso de prisão preventiva a aguardar recurso
Porém, foi interpondo sucessivos recursos e, em julho de 2024, quando ainda esperava a decisão do último recurso possível, teve de ser libertado por ter expirado o prazo máximo da prisão preventiva. Apesar de estar sujeito a apresentações periódicas, em outubro terá voltado à atividade ilícita.
A PSP apercebeu-se de novo fenómeno associado a um falso bancário e iniciou nova investigação. Uma vez que o suspeito deambulava por diversas comarcas do país, a equipa da Divisão de Investigação Criminal especialmente criada para estes fenómenos itinerantes, em coordenação com a 3.ª secção do DIAP de Lisboa, iniciou uma operação policial, batizada: "A Reforma do Falso Bancário".
Detido ao tentar usar cartão de vítima burlada na mesma manhã
Vários investigadores especializados foram distribuídos nas zonas onde o suspeito atuava com mais regularidade. A 29 de janeiro, foi possível localizar o burlão quanto tentava usar o cartão bancário obtido com uma burla cometida nessa mesma manhã. Tinha convencido uma idosa a entregar-lhe o cartão e o PIN. Já tinha feito um levantamento de 200 euros e várias tentativas de movimentos no valor de 7580 euros, que, por motivos alheios à sua vontade, não foram aceites.
Aquando da sua detenção, na freguesia da Estrela, foram recuperados os 200 euros em numerário que tinha acabado de levantar, os quais foram restituídos à sua legítima proprietária. Foram ainda apreendidos 1350 euros em numerário, diversos documentos, vestuário e uma viatura de alta gama que o mesmo usava aquando dos ilícitos.
O detido, já referenciado por vários crimes da mesma natureza, foi presente à Autoridade Judiciária competente para efeitos de primeiro interrogatório judicial, tendo ficado em prisão preventiva. Além das 35 burlas que já foram a julgamento, é suspeito de mais oito burlas qualificadas e 95 utilizações indevidas de cartão bancário.