PSP salva bebé de morrer engasgada: "Em 16 anos como polícia foi o dia mais feliz da minha vida"

O chefe Gouveia, da Esquadra de Oeiras, não era para estar de serviço na noite em que salvou uma bebé de morrer engasgada com leite. Sempre que pensa nisso, sorri, orgulhoso o polícia de 39 anos. "São mesmo coisas do destino, nem era para estar a trabalhar, mas por motivos familiares fiz uma troca e estava lá. Em 16 anos como polícia foi o dia mais feliz da minha vida, foi o meu melhor serviço", confessa ao JN. Anteontem, estava mais nervoso, quando os pais da menina com 15 dias a levaram desesperados à Polícia por temerem que não chegasse com vida ao hospital.

O agente da PSP, chefe na Esquadra de Oeiras há oito anos, estava a trabalhar no gabinete quando, pelas 0.35 horas, outra polícia veio a correr em pânico. "Ela só dizia "ó chefe venha rápido que está ali um bebé a sufocar". Fui logo e quando cheguei a menina estava ao colo do pai, que estava muito nervoso e já não estava a conseguir fazer manobras à criança. Reparei logo que a bebé já estava com a cara e os lábios bastante roxos", relata. Seguiram-se "três a quatro minutos de reanimação que mais pareceram uma hora", admite.

"Instinto" e preocupação de pai

"Virei-a para baixo e dei-lhe algumas pancadas nas costas, mas não reagia. Meti-lhe o meu dedo na boca para perceber se o engasgamento poderia ter sido com mais alguma coisa além do leite e vomitou, mas ainda continuava letárgica. Continuei a dar pancadas nas costas e só quando vomitou pela segunda vez, finalmente começou a choramingar baixinho", descreve.

Pai de uma criança de três anos, sempre se preocupou em ler sobre o assunto. Neste ato heroico valeu-lhe a curiosidade, algumas ações de formação da PSP e o "instinto". "Já me tinha instruído na Internet para se acontecesse algo do género com o meu filho soubesse agir, mas é uma coisa instintiva. Quando cheguei, agarrei nela e nem pensei no que ia fazer, foi instinto", explica.

Paulo Gouveia conta que os pais repararam que a filha se engasgou com leite e saíram de casa, em Oeiras, em direção ao hospital, mas ao ver o estado da bebé, "muito roxa", decidiram parar na Polícia. "Foi o desespero, viram que não estavam a conseguir ajudar a menina e que não ia chegar ao hospital com vida e pararam aqui a ver se conseguíamos ajudar e graças a Deus conseguimos", recorda.

"Dois quilos que pareciam 200"

Os Bombeiros de Oeiras chegaram cinco minutos depois e a VMER do Hospital de Cascais levou a bebé para observação e ontem encontrava-se estável. O chefe Paulo Gouveia acredita que a sua atuação rápida a salvou, reconhece o polícia, que naquela noite estava a trabalhar com "agentes mais jovens". "A polícia que me chamou ainda tentou agarrar na menina, mas sentiu-se mais à vontade em chamar-me por ser mais experiente", justifica.

"Nunca me tinha acontecido uma situação destas. Foi muito stressante, estava com dois quilos ao colo que pareciam 200 quilos. Estou muito feliz", conclui.