Polícias indignados alegam que despacho polémico irá contribuir para o aumento de agressões a agentes da PSP.
Corpo do artigo
"Um balde de água fria atirado aos polícias, que provoca uma desmotivação muito grande", "decisão que em nada contribui para o trabalho dos polícias", "um despacho que transmite um sentimento de impunidade total" e que "põe em causa a autoridade do Estado". Sindicatos da PSP e da GNR estão revoltados com a decisão da procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Amadora que mandou arquivar, tal como o JN avançou na edição de quarta-feira, um inquérito relativamente a dois homens que chamaram "filho da p..." a um polícia, que também foi agredido com um murro.
11044559
"A mensagem que passa neste despacho é que tudo é permitido", refere o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia. Paulo Rodrigues acrescenta que "um despacho que vulgariza o insulto e a agressão a um polícia coloca em perigo a autoridade do Estado". "Porque quando se insulta um polícia, insulta-se o Estado", justifica quem teme que o documento seja usado para justificar outros insultos e agressões. Armando Ferreira, líder do Sindicato Nacional de Polícia, também é um crítico de uma decisão que quer analisada pelo Ministério Público. "A Justiça terá de dizer se acha que este é um despacho digno", afirma.
"Ficámos preocupados com um despacho que vem transmitir um sentimento de impunidade. Tememos que venha contribuir para o aumento deste tipo de situações", acrescenta Peixoto Rodrigues, presidente do Sindicato Unificado da Polícia, enquanto César Nogueira, da Associação dos Profissionais da Guarda (GNR), alega que "os agressores dos polícias sentem-se legitimados para tudo o que entenderem".
O despacho de arquivamento foi formalizado pelo mesmo DIAP que acusou polícias da esquadra de Alfragide de tortura, sequestro e agressões contra seis jovens da Cova da Moura. Uma coincidência que não causa estranheza aos sindicalistas. "Há comarcas em que tendencialmente não se acredita na Polícia", lembra Paulo Rodrigues. "O DIAP da Amadora é muito célere e duro a acusar polícias, mas não pronuncia os agressores de agentes", frisa Peixoto Rodrigues.