Ligado ao caso da "Noite Branca" do Porto, sobre a guerra entre os gangues da Ribeira e de Miragaia pelo controlo de tráfico de droga, José Pires, também conhecido pela alcunha "Pirinhos", foi encontrado morto dentro da mala de um carro no domingo.
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José Pires, 52 anos, conhecido como "Pirinhos", o empresário de Gondomar que estava desaparecido desde o final de maio, foi assassinado e o seu corpo deixado dentro da mala de um Fiat 500 estacionado em Braga há duas semanas. O cadáver, em adiantado estado de decomposição, foi encontrado no domingo. Tinha um saco de plástico na cabeça e as autoridades, sabe o JN, acreditam que terá sido vítima de um ajuste de contas relacionado com tráfico de drogas. "Pirinhos" foi protagonista de um dos períodos mais violentos da noite do Porto, que culminou em 2007 com vários homicídios e que ficou conhecido como o caso "Noite Branca". Na altura, foi testemunha do Ministério Público sobre a guerra entre os gangues da Ribeira e de Miragaia pelo controlo de tráfico de drogas. E, ainda antes do desfecho do julgamento, em 2009, foi raptado em Vigo, torturado e enterrado parcialmente, por questões relacionadas com o tráfico de drogas e dívidas. Nunca explicou o que acontecera.
Desaparecido desde o fim de maio
Entre os familiares e as pessoas mais próximas havia pouca esperança de que José fosse encontrado com vida. Quando desapareceu, a 26 de maio, e nem sequer comunicou com a família no dia do seu aniversário, quatro dias depois, todos temeram o pior, que se confirmou no domingo. O Fiat 500 que "Pirinhos" alugara estava estacionado no final da Rua Abade da Loureira, junto ao Bairro da Misericórdia, e atraiu as atenções por estar ali há 15 dias e dele exalar um cheiro nauseabundo, que vinha de um líquido que escorria para o chão.
"Eu passo ali todos os dias e posso garantir que há pelo menos duas semanas via ali esse mesmo carro, o Fiat 500 branco, sempre no mesmo sítio, com um líquido malcheiroso, mas eu pensava ser água do radiador, nunca desconfiei que estava lá um cadáver, até ao momento em que eu vi hoje tanto aparato", disse ao JN o transeunte Domingos Gomes.
A PSP também já estranhara a viatura, que não era conhecida na zona, e ao princípio da tarde de ontem foi inspecioná-la, descobrindo o corpo fechado dentro da mala e com um saco de plástico na cabeça. Os inspetores da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária e os peritos do Laboratório de Polícia Científica analisaram o carro e o local onde este se encontrava, à procura de vestígios que possam ajudar a explicar o crime. Sistemas de videovigilância das imediações também estão a ser alvo de escrutínio. Tudo aponta, apurou o JN, para que se tenha tratado de um ajuste de contas relacionado com tráfico de drogas, mundo em que "Pirinhos" está referenciado. No entanto, a investigação mantém outras hipóteses em aberto.
"Já antevíamos esta tragédia, a começar pela mãe da vítima, pois sabe-se que quando está em causa a vida de uma pessoa, não se pode perder tempo em burocracias, tenha ou não tenha passado criminal. Talvez o José hoje estivesse vivo, se foi largado ainda com vida em Braga", disse a advogada Luísa Moreira Macanjo, falando em nome da família da vítima.