Reclusos do Linhó vivem há nove meses num "inferno" devido a greve dos guardas prisionais

Presos da cadeia do Linhó estão encarcerados 22 horas por dia, denuncia a APAR
Foto: Arquivo
A Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR) alega que a greve dos guardas prisionais, que se prolonga há nove meses, transformou o dia-a-dia dos reclusos da cadeia do Linhó, em Cascais, "num inferno" e pede à ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, que acabe com o protesto. Caso nada seja feito será apresentada uma queixa no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).
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Segundo a APAR, a greve iniciada em dezembro do ano passado reduziu o número de visitas aos reclusos do Linhó "a metade" e obrigou os presos a permanecer "fechados [na cela] 22 horas por dia".
O protesto em curso também forçou o encerramento da lavandaria do estabelecimento prisional, "o que impede que haja troca de lençóis, fronhas e toalhas de banho e rosto". "E não deixam trocar, nas visitas, a roupa pessoal suja por lavada, o que traz enormes riscos pela falta de higiene", denuncia.
Também devido à greve, os reclusos doentes não são transportados ao hospital a "não ser "em casos urgentes", não estando explicado quem, e com que conhecimento, decidirá se o problema de saúde é, ou não, urgente, já que não há médico na cadeia durante a maior parte do dia".
Diz ainda a APAR que os reclusos da cadeia do Linhó "ficaram sem o direito a receber o quilo de comida que a família está autorizada a entregar semanalmente e que ajuda a melhorar as deficientes refeições fornecidas pela prisão".
Causar revolta
Numa carta enviada à ministra da Justiça, a APAR defende que "estas medidas têm como único objetivo levar a que os reclusos se revoltem" e, assim, haja uma justificação para "a necessidade de mais guardas prisionais e aumento de subsídio de risco".
É, assim, pedido a Rita Alarcão Júdice que termine "com estas situações, absolutamente insustentáveis e ilegais, antes de a APAR se ver obrigada a recorrer ao TEDH". "O que não hesitará em fazer", lê-se na carta.

