Reclusos treparam muro e usaram corda de lençóis para fugir da cadeia de Alcoentre
Presos da cadeia de Alcoentre treparam muro e usaram corda de lençóis para escapar. Havia 15 guardas em vez dos habituais 30.
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Dois reclusos fugiram da cadeia de Alcoentre, na Azambuja, na tarde de ontem. Condenados por roubo e tráfico de droga, os presos, de 37 e 44 anos, usaram uma corda de lençóis para escapar.
Têm sido dias agitados na cadeia de Alcoentre. Na manhã de anteontem, um homem foi visto pelo guarda colocado na torre de vigia a arremessar telemóveis para o interior do pátio da Ala B do estabelecimento prisional, mas quando os guardas foram no seu encalço aquele fugiu. Os quatro telemóveis foram, no entanto, recolhidos.
Já pelas 18.20 horas de ontem houve novo caso. Dois reclusos jantaram, regressaram ao mesmo pátio da Ala B da cadeia e esperaram que alguns colegas começassem a recolher às celas. Nessa altura, e aproveitando que a atenção dos guardas estava no jantar e no regresso às celas, os dois presos subiram o muro de vedação usando pés e mãos para, de costas para a parede, trepar uma esquina que unia duas partes do muro. Uma vez no topo, usaram casacos ou panos para ultrapassar a rede laminada e chegar ao telhado.
E foi aqui que desenrolaram a corda feita com lençóis, que tinham consigo desde o início da fuga, e desceram os cerca de cinco metros que os separavam do chão. Depois, limitaram-se a correr sem obstáculo.
Consumada a fuga, surgiram as críticas à segurança da cadeia de Alcoentre. "Não sabemos a razão para não estar nenhum guarda numa torre de vigia que estava a funcionar no dia anterior", refere, ao JN, o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais.
Outras fontes contactadas pelo JN garantem que não havia guardas para monitorizar o sistema de videovigilância que cobriam o pátio da Ala B. E que, à hora da fuga, apenas 15 guardas prisionais estavam de serviço quando deveriam ser 30. Tudo devido à greve às horas extraordinárias em vigor naquele estabelecimento prisional.
“Entrou uma equipa, de 15 guardas, às 16 horas para fazer o turno até à meia-noite. Seria auxiliada por outra equipa até às 19 horas, altura em que os reclusos são encarcerados nas celas. Porém, devido à greve, as duas equipas de serviço saíram às 16 horas e ninguém ficou a fazer trabalho extraordinário até às 19 horas”, conta uma das fontes.
Processo
DGRSP alertou
Ao JN, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) sublinha que, logo após a fuga, “procedeu às devidas comunicações aos órgãos de polícia criminal, no sentido da recaptura dos evadidos”.
Averiguações
Fonte oficial da DGRSP acrescenta que “internamente irá proceder-se a um processo de averiguações a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado por magistrado do Ministério Público, tendo em vista apurar as circunstâncias das ocorrências”.

