Grupo de cerca de 30 elementos é suspeito de 151 furtos a residências, supermercados e armazéns, ao longo de um ano. GNR detém 15 pessoas e constitui outras 11 como arguidas.
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Uma investigação a três furtos, num só dia, em residências de Viseu expôs um grupo que se dedicava a assaltar habitações em todo o país. A organização, composta por cerca de 30 elementos, também furtava, em pleno dia, supermercados e armazéns para, posteriormente, vender carne, bacalhau, camarão e polvo a restaurantes. É suspeita, para já, de 151 furtos.
O principal cliente da rede, alega a investigação, era um dos mais reputados e caros espaços de restauração de Penafiel que, na terça-feira, foi alvo de buscas, numa operação que mobilizou 300 elementos da GNR, PSP, Autoridade Tributária e Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). No final, 15 pessoas foram detidas e outras 11 constituídas arguidas.
Foi há um ano que os assaltos às moradias de Viseu começaram a ser investigados pela GNR. As diligências levadas a cabo pelo Núcleo de Investigação Criminal de Viseu revelaram que aqueles tinham sido cometidos por um grupo e que atuava do Minho ao Algarve.
Integrando cerca de 30 elementos, alguns dos quais com ligações familiares e a residir em Ermesinde (Valongo), Gondomar, Maia, Porto e Paços de Ferreira, a rede criminosa tinha três formas de atuar. Numa delas, os operacionais procuravam moradias isoladas em aldeias remotas, tocavam à campainha e, se ninguém respondesse, arrombavam portas e janelas para furtar dinheiro, ouro e relógios. Mais de um quilo de ouro furtado foi vendido em lojas de penhores, enquanto o restante material obtido nos 57 furtos a residências identificados pela GNR foi negociado com recetadores.
Polvo para restaurantes
Já a roupa de marca e eletrodomésticos furtados em grandes superfícies comerciais - o segundo alvo do grupo - eram vendidos nas redes sociais ou, através de revendedores, em feiras.
A GNR também identificou membros da organização em 94 furtos a súper e hipermercados. Em pleno dia, mulheres e homens entravam nos espaços e dissimulavam quilos de produtos congelados em bolsas da própria roupa ou sacos com esconderijos. A rede escolhia os produtos mais caros, nomeadamente picanha, bacalhau, polvo, salmão e camarão, para, depois, os vender a restaurantes.
"O Engaço", restaurante de Penafiel, era abastecido com alimentos furtados em vários dias da semana, indicou fonte ligada ao processo.
Contudo, ao JN, o proprietário do espaço, Hélder da Rocha, rejeita as acusações e garante que nunca comprou produtos furtados. Prova disso, diz, é o facto de "nada ter sido encontrado de ilegal durante a busca". "Foram apenas apreendidos quatro queijos frescos, dois lagostins e 25 quilos de carne não embalada, material do qual já apresentei fatura", assevera.