Grupo que abastecia Norte do país trazia droga em cascos de navios. Chefe de célula “Vitinha” ainda a monte.
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Era uma das principais redes de tráfico internacional a abastecer a zona Norte do país. Alberto Couto “Joca”, um ex-PSP atualmente em prisão preventiva, e Vítor Pimenta “Vitinha”, que está a monte, eram os dois chefes das duas células do grupo que importava, do Brasil, cocaína escondida em cascos de navios ou através de Espanha. A rede composta por 14 arguidos, desmantelada no ano passado pela PJ, foi ontem acusada de associação criminosa, tráfico de droga e posse de arma ilegal pelo Ministério Público (MP) que lhes reclama mais de 750 mil euros, provenientes do lucro do tráfico.
De acordo com a acusação, a que o JN teve acesso, “Joca”, 50 anos, e “Vitinha”, de 44, tinham os seus canais próprios de importação e distribuição de grandes quantidades de cocaína, mas partilhavam o mesmo braço-direito: Flávio Guerra, conhecido pela alcunha de “Lieto”, também em prisão preventiva. Juntos tinham o domínio do tráfico.
“A estrutura organizada pelo Alberto Couto é composta por indivíduos com tarefas perfeitamente delimitadas, responsáveis pela introdução em espaço europeu, uma vezes através de Espanha, outras através dos portos marítimos, com incidência no de Leixões, de grandes quantidades de produto estupefaciente, utilizando como modus operandi o método de introdução do produto dentro de contentores com mercadoria lícita, sem o conhecimento dos exportadores e importadores, socorrendo-se depois, já dentro dos portos marítimos de destino, de trabalhadores portuários para a sua retirada”, diz o MP.
A Investigação da PJ recolheu indícios de que “Joca”retirava “tabletes” de cocaína dissimuladas no casco dos navios. Em maio de 2023, quis retirar 1,7 milhões de euros em droga escondida no cargueiro Pluto, atracado em Leixões. Os traficantes sabiam, em tempo real, a localização da cocaína porque, do outro lado do Atlântico, juntavam ao carregamento localizadores de GPS. Desta vez, a droga foi intercetada pelas autoridades e os localizadores deixaram de emitir quando estavam nas instalações da PJ do Porto.
A célula de “Joca” foi desmantelada em maio do ano passado, numa operação de detenções a que escapou “Vitinha”, por estar em peregrinação a Fátima.
“Vítor Pimenta, desde data anterior a 2020, também se dedica ao tráfico internacional de produtos estupefacientes, de maneira organizada, mantendo contactos com indivíduos nacionais e internacionais, responsáveis pelo abastecimento de cocaína, ‘pólen’ e heroína, em grande escala”, garante a acusação, que fez as contas aos rendimentos lícitos e bens que possuem os arguidos e chegou à conclusão de que lucraram pelo menos 750 mil euros com o tráfico internacional de cocaína.