Cinco crianças residentes no autoproclamado Reino do Pineal, em Oliveira do Hospital, foram identificadas pela Polícia Judiciária (PJ), tendo uma, de sete meses, sido levada com o pai para ser registada e observada por um médico, uma vez que aparentava estar doente.
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A Polícia Judiciária chegou ao local pelas oito horas da manhã com um magistrado do Ministério Público de Coimbra e o apoio de elementos da GNR, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, Segurança Social e ligadas à saúde pública.
As buscas e inquirições aos membros da comunidade prolongaram-se por cerca de seis horas, tendo a PJ e a GNR criado um perímetro de segurança em volta da quinta onde a comunidade habita, de cerca de dois quilómetros.
Segundo o que o JN conseguiu apurar, os cerca de três dezenas de membros atualmente no Reino do Pineal assumiram às autoridades estar lá de livre e espontânea vontade.
A PJ informou, em comunicado, que “as diligências visam o esclarecimento do circunstancialismo que determinou a morte de uma criança com cerca de um ano de idade, ocorrida em 2022, bem como factualidade associada”.
No final das buscas, fonte das Relações Públicas da PJ afirmou ao JN não ter nada mais a acrescentar, além de “indicar que vai continuar a investigação”.
Para além das crianças identificadas, foi apreendida uma quantidade pequena de cannabis, que estava a ser plantada numa estufa.
Cooperação com as autoridades
A operação policial terá decorrido com total cooperação da comunidade. Em declarações ao JN, a 22 de julho, o fundador do Reino do Pineal, :Agua Akbal Zizi-Pinheiro, garantiu que se as autoridades policiais se dirigissem à comunidade, esta iria colaborar. “Não somos rebeldes nem anarquistas, queremos colaborar”, afirmou na altura.
Em causa, na investigação da PJ, está a morte de Samsara, um bebé de 14 meses, filho do fundador da comunidade, que faleceu em abril de 2022, na sequência de complicações no fígado. A criança, que nunca chegou a ser registada, terá sido cremada e as cinzas atiradas ao rio.
Ao JN, Agua Akbal contou que chegou a levar a criança a um médico, mas este quis que esta fosse registada e vacinada, o que ia contra as suas crenças. “Não quero falar muito mais do meu filho, não quero sensacionalizar a sua morte”, revelou.
O autodenominado Reino do Pineal instalou-se em Seixo da Beira em 2020. Após uma série de denúncias anónimas, tem vindo a ser investigado, não só por causa da morte do bebé, mas também devido ao não licenciamento das construções edificadas no terreno, à situação dos membros da comunidade no país, na sua quase totalidade estrangeiros, e ao facto de as crianças residentes no Reino não frequentarem o ensino.