Tribunal põe em prisão domiciliária guarda de Vila Verde indiciado de 66 crimes de difamação, injúria e perseguição.
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O Tribunal da Relação de Guimarães acaba de substituir por prisão domiciliária a medida de prisão preventiva aplicada, em abril, pelo Tribunal de Instrução de Braga a um militar da GNR, de Vila Verde, que é suspeito da prática de 66 crimes de difamação, injúria e perseguição, todos na forma agravada, contra uma juíza de Vila Verde e dois procuradores locais do Ministério Público.
A Relação considerou "desproporcionada" a medida aplicada ao arguido - que está preso em Tomar - e substituiu-a pelas obrigações de permanência em casa com vigilância eletrónica, por tratamento psiquiátrico e por proibição de contacto com os ofendidos. Fica ainda impedido de aceder à Internet e terá de entregar a arma de fogo que lhe foi distribuída como GNR (se ainda estiver na sua posse), ficando, igualmente, proibido de adquirir qualquer arma.
Questionado pelo JN, o advogado João Araújo Silva disse que a prisão lhe foi "injustamente" aplicada, tendo, agora, a justiça sido reposta: "Quem lhe devolve os quatro meses de prisão?", pergunta.
Carlos Lima, de 36 anos, fora condenado por causa de uma querela com uma família: o pai terá emprestado 100 mil euros a um homem, que não os devolveu, o que terá motivado a intervenção do militar, com modos agressivos. O caso foi para tribunal, que o condenou.
O militar não gostou e "atacou" os três magistrados numa rede social - com palavras ofensivas - e passou a ir ao Tribunal, para assistir a julgamentos presididos pela juíza e com a presença de um procurador.
Crime e disciplina
43 crimes contra juiz
O militar da GNR é suspeito de 43 crimes contra uma juíza e 23 contra outros dois magistrados. Três são de perseguição.
Abordava-os na rua
O arguido terá incomodado os magistrados na rua, num restaurante e à entrada do tribunal.
Recorre da demissão
O guarda foi demitido da GNR, em processo disciplinar, mas recorreu para tribunal.