Ricardo Salgado foi identificado e dispensado no arranque do julgamento do caso BES
Amparado na mulher, com dificuldade em andar e sem parecer estar realmente consciente da multidão de jornalistas que o rodeou, o ex-banqueiro Ricardo Salgado compareceu no Campus de Justiça de Lisboa para a primeira sessão do julgamento do processo principal da queda do BES/GES. Foi identificado e dispensado.
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A defesa do antigo líder do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES) tinha pedido para que Ricardo Salgado fosse dispensado de estar presente no julgamento, devido à doença de Alzheimer de que padece, mas o requerimento foi rejeitado pelo Tribunal Criminal de Lisboa. A juíza-presidente do coletivo, Helena Susano, admitiu, porém, justificar as faltas caso o ex-banqueiro apresentasse um atestado médico.
Durante o percurso, Ricardo Salgado, de 80 anos, foi abordado pelo representante de um grupo de lesados do BES/Novo Banco, Jorge Novo, que, em tom exaltado, elogiou o trabalho do ex-banqueiro e desejou-lhe "muita sorte". O antigo presidente do BES sorriu. A interação acabou por ser interrompido por elementos da PSP, que acabaram por escoltar o arguido até à entrada do edifício.
Já dentro da sala de audiências, Ricardo Salgado foi o primeiro dos 18 arguidos a ser identificado pelo coletivo de juízes, tendo sido encaminhado pela mulher, Maria João Salgado, até ao microfone. Soube dizer o seu nome completo, mas não o da mãe nem a própria data de nascimento. Em seguida, Helena Susano questionou o ex-banqueiro se quer que o julgamento decorra na sua ausência. Ricardo Salgado não percebeu a pergunta, tendo respondido que sim após ser aconselhado por um dos advogados.
Concluída a identificação, o arguido abandonou a sala, na companhia da mulher e de um advogado, tendo saído do Campus da Justiça a meio da manhã.
O ex-banqueiro está acusado pelo Ministério Público de ter liderado uma "associação criminosa" que, em benefícios pessoal dos seus "membros", transnformou o BES/GES numa espécie de castelo de cartas suportado, com recurso a paraísos fiscais, por subornos e operações fraudulentas.
O processo conta, atualmente, com 18 arguidos, incluindo três empresas. Entre os arguidos, estão o antigo braço-direito de Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, e o antigo contabilista do GES, Francisco Machado da Cruz. Esta terça-feira, foram ambos abordados por Jorge Novo, que perguntou pelo seu dinheiro, convicto de o antigo presidente do BES "deixou uma provisão" para que não perdesse as poupanças.