O Tribunal Central Criminal de Lisboa confirmou a prescrição de mais quatro crimes de falsificação de documentos que eram imputados a Ricardo Salgado. O ex-banqueiro responde agora por 57 crimes e não pelos 65 de que era acusado. Há mais prescrições a caminho que ainda vão encurtar mais este número.
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O processo BES/GES arrasta-se no tempo e as prescrições começam a acumular-se. Dos 65 crimes constantes na acusação proferida em julho de 2020 contra Ricardo Salgado já caíram oito. Restam 57, mas até março só ficarão 52. As previsões constam de um despacho da juíza Helena Susano, proferido em outubro, ainda antes do início do julgamento que já tinha reduzido o número de crimes de 65 para 62.
Entretanto, a 24 de novembro, caiu um crime de falsificação de documentos. Já esta quarta-feira, um novo despacho da presidente do coletivo que tem nas mãos o processo BES, citado pelo Observador, confirmou a eliminação de mais quatro crimes de falsificação da acusação.
Segundo a contabilidade efetuada, até ao final de março irão cair mais cinco crimes que eram imputados a Ricardo Salgado, quatro de infidelidade e um de falsificação. Estes crimes têm prazos de prescrição mais reduzidos do que outros dos apontados a Ricardo Salgado, como associação criminosa, burla, corrupção, manipulação de mercado, entre outros.
Vários outros arguidos também estão a beneficiar das prescrições. Machado da Cruz viu caírem quatro dos 36 crimes de que vinha acusado. Morais Pires já só responderá por 22 crimes em vez dos 25 que lhe eram imputados pelo Ministério Público. Paulo Nacif Jorge, um ex-funcionário do BES, que era apenas acusado de viciação de contrato, já nem irá a julgamento. Dois dos arguidos, Francisco Castella e José Manuel Espírito Santo, já faleceram.
A 15 de outubro do ano passado, mais de uma década depois da resolução daquele que foi um dos maiores bancos portugueses, teve finalmente início o julgamento do Caso BES. Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.