Rio defende saída do ministro em caso de encobrimento sobre recuperação das armas
O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu, esta quinta-feira, que, a ser verdade que o ministro da Defesa teve conhecimento do encobrimento na recuperação do material furtado em Tancos, Azeredo Lopes não tem condições para se manter em funções.
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"A não ser que seja tudo redondamente mentira e provado que é redondamente mentira, não vejo como é que, nestas condições, um primeiro-ministro pode manter o ministro em funções", afirmou Rui Rio, em declarações à agência Lusa.
O presidente do PSD salientou que tem por princípio "não pedir demissões de membros do Governo".
"A palavra é sempre do primeiro-ministro, mas, quando eu for primeiro-ministro, nestas circunstâncias era impossível manter um ministro em funções. A não ser que isto seja redondamente mentira, mas isso é que eu tenho dúvidas", sublinhou.
O Expresso noticiou hoje que o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, assegurou ao juiz de instrução do caso de Tancos ter dado conhecimento a Azeredo Lopes da encenação montada na Chamusca mais de um mês após a recuperação do arsenal.
Por seu lado, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, negou "categoricamente" ter tido conhecimento de qualquer "encobrimento" no caso da recuperação do material militar furtado nos paióis em Tancos.
Em 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve, no âmbito da Operação Húbris, que investiga o caso da recuperação, na Chamusca, em outubro de 2017, das armas furtadas em Tancos, o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé. Na segunda-feira, foi detido o major Vasco Brazão, que foi porta-voz da PJM e estava em missão na República Centro-Africana.
Segundo o Ministério Público, em causa estão "factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas".
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.