Rita Júdice: “Aumento de quase 100% de candidaturas traduz aumento da atratividade da magistratura”
Os candidatos aos próximos cursos de formação de magistrados, ministrados pelo Centro de Estudos Judiciários (CEJ), atraíram um número de candidatos que é quase o dobro do registado no ano passado.
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Em vésperas de abrir, pela primeira vez, um polo de formação do CEJ no Norte do país, em instalações ainda provisórias na cidade de Vila do Conde, a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, apresenta as razões que, do seu ponto de vista, justificam o acrescimo de candidatos.
O que é que, no entender do Ministério da Justiça, justifica o aumento tão acentuado de candidaturas ao CEJ?
Este aumento de quase 100% face ao número de candidaturas do ano passado certamente traduz um aumento da atratividade nas carreiras da magistratura. O aumento nas candidaturas é ainda mais relevante por ter sido eliminada a via profissional, que poderia ter tido algum impacto negativo – não teve. Vários motivos podem estar na base da inversão da tendência, que vinha sendo de decréscimo. Entre eles, a revisão do modelo de acesso ao concurso, o modelo de provas a prestar e, certamente, a descentralização da formação com a abertura das instalações em Vila do Conde. Já em anos anteriores se sabia que a maioria dos candidatos é oriunda da zona Norte do país, portanto, a proximidade pode ter sido um fator importante. Mas houve outra característica que nos agradou neste concurso: a idade média dos candidatos baixou, o que é um ótimo sinal de renovação geracional.
Se este crescimento está relacionado com a abertura do novo polo a Norte do CEJ?
Acreditamos que sim. Por isso nos empenhámos tanto em que as instalações em Vila do Conde pudessem já entrar funcionamento este ano, mesmo que em instalações provisórias, e não esperar pela conclusão das obras das instalações definitivas.
Se as alterações introduzidas em janeiro com a nova lei do CEJ vieram contribuir para este acréscimo?
Achamos que sim. Não só pelas novidades introduzidas nas regras de acesso, nas regras das provas e da formação (exigindo apenas a parte escolar do mestrado aos licenciados pós-Bolonha, a unificação das provas para todos os candidatos), mas também pelas próprias condições que são dadas aos Auditores de Justiça: passam a ter um regime tributário aplicável à bolsa atribuída aos Auditores mais favorável, oferece um seguro de trabalho, aplica-se um regime de segurança social que abrange situações que não estavam incluídas (parentalidade ou doença) e passa a cobrir as despesas de transporte.
Se será possível, a curto prazo, aumentar ainda mais a capacidade formativa do CEJ para fazer face à falta de juízes?
Assim que as instalações definitivas em Vila do Conde estiverem prontas, a capacidade de receber mais Auditores de Justiça aumentará.