Rosalina Ribeiro fez testamento, em escritura pública, cinco dias antes de viajar para o Brasil, país onde acabou assassinada com três tiros. Sem filhos, distribuiu vários imóveis de que era proprietária em Portugal por quatro sobrinhos e pelo Instituto de Oncologia.
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O testamento, a que o JN teve acesso, apenas dispôs dos imóveis de que a companheira do magnata Lúcio Thomé Feteira era proprietária em Portugal.
Quanto aos bens no Brasil, ficaram para um afilhado, Armando Carvalho. Neste país, Rosalina tem outro testamento válido, sobre outras propriedades e valores.
O documento é datado de 1 de Setembro de 2009 e Rosalina partiu no dia 6. Outra particularidade é o facto de o testamento revogar um outro que estava registado no mesmo cartório notarial de Lisboa, desde 20 de Junho de 2007.
Em nenhum destes actos de disposição do património Rosalina faz referências aos 15% da quota disponível (um terço) da herança do milionário Lúcio Thomé Feteira, cuja distribuição ainda está em disputa nos tribunais com outros herdeiros.
À margem dessa parte da herança, e em nome próprio, Rosalina era proprietária de seis imóveis em Portugal.
Quatro missas pelo magnata
O sobrinho que mais imóveis recebe é Vítor Manuel Ribeiro da Silva, residente em Sintra. Fica com o apartamento em que vivia a falecida, na Rua Luciano Cordeiro, em Lisboa, e a Vivenda Brisamar, na praia de Porto de Mós, em Lagos, no Algarve.
No caso desta propriedade, foi imposta a condição de não serem efectuadas quaisquer edificações que possam prejudicar a vista para o mar das moradias de um vizinho.
Este mesmo sobrinho - que ao JN disse esperar pela evolução da investigação sobre o assassinato da tia - foi designado "testamenteiro" e também fica com jóias, carros e dinheiros existentes em contas bancárias de Rosalina. Um valor de que não existe estimativa, devendo incluir, possivelmente, parte da herança do magnata português com quem viveu 32 anos.
Mas o familiar ficou com missões: mandar rezar quatro missas mensais pela memória de Lúcio Thomé Feteira, pela "tia Camila Lima" e por "Paula Mendes".
A última vontade de Rosalina é ainda descrita no testamento: que lhe fossem cortadas as artérias dos pulsos e que o seu corpo fosse cremado.
Outros dois sobrinhos ficaram, cada um, com um apartamento na praia de Vieira de Leiria - terra de Lúcio Feteira. Uma quarta sobrinha ficou com um apartamento contíguo à sua residência habitual em Lisboa, na Rua Luciano Cordeiro.
Viúva e sem filhos, Rosalina Ribeiro entendeu ainda ser generosa para com o Instituto Português de Oncologia de Lisboa. Esta instituição fica proprietária de um apartamento localizado na Alameda Santo António dos Capuchos, também em Lisboa.