Rui Pinto em silêncio no novo julgamento. Advogado do Benfica diz que hacker foi "assaltante"
O arguido Rui Pinto, criador do Football Leaks, voltou ao Tribunal de Lisboa, esta segunda-feira, para ser julgado num novo processo de acesso ilegal e divulgação de e-mails. No arranque deste segundo julgamento, após ser condenado a quatro anos de pena suspensa no processo principal, o arguido remeteu-se ao silêncio.
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Rui Patrício, advogado do Benfica, considera que "arguido foi assaltante, não de casa, mas de benefícios informáticos, e qualquer tentativa de santificação não pode justificar o comportamento do arguido". O Benfica pede um milhão de euros de indemnização.
Da parte de Rui Pinto, o advogado Francisco Teixeira da Mota criticou a "salamização de processos", visto que Rui Pinto responde pelo mesmo tipo de crimes que no primeiro processo.
Nas alegações iniciais do julgamento, Rui Patrício afirmou que a conduta do arguido provocou danos graves na instituição Benfica e que o arguido não é um "whistleblower" (denunciante) . "O arguido é um pirata informático, os fins não justificam os meios e os alegados fins que o arguido alega não são os fins que o norteou. Os fins de investigação não são verdadeiros, são fins de natureza clubística, isto porque a natureza da colaboração do arguido com a justiça só começa quando é apanhado. Antes disso, o arguido acedeu às credenciais de acesso, configurou caixas de email, explorou e cedeu o conteúdo a terceiros e divulgou. Esses terceiros nunca foram as autoridades", alegou Rui Patrício.
Pelo contrário, Francisco Teixeira da Mota defendeu a ideia de que Rui Pinto é um denunciante, que a intenção do arguido foi a de colaborar com as autoridades e recusou que tenha sido ele a provocar danos nos demandantes do processo. "O arguido já colaborava com as autoridades francesas quando foi detido pelas autoridades portuguesas e isso até causou incómodo em França. Os danos não são causados pelo Rui Pinto, ele mostrou que as consultoras e grandes escritórios são grandes arquitetos de corrupção internacional".
Rui Pinto responde por 201 crimes de acesso ilegítimo qualificado, 22 crimes de violação de correspondência agravada e 18 crimes de dano informático. As alegadas vítimas foram o S. L. Benfica, o F. C. Porto e outros clubes, a Liga de Futebol, empresas, sociedades de advogados, juízes, procuradores, jornalistas, a Autoridade Tributária e a Rede Nacional de Segurança Interna. Estão em causa, entre outros, os emails “roubados” ao Benfica e que foram divulgados pelo Porto Canal.