Cúmplice de dona de bar que drogava fregueses para esvaziar contas obrigou vítima a dar cartão e código bancário.
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Um cúmplice da patroa do bar de alterne do Porto, anteontem colocada em prisão preventiva por esvaziar as contas dos clientes, sacou, em apenas uma noite, perto de 18 mil euros a uma vítima, que foi ameaçada com uma faca para entregar o cartão multibanco e o código. O indivíduo não foi detido na operação da PSP que acabou com o lucrativo esquema. Sacaram pelo menos 230 mil euros a 30 clientes.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, os clientes eram atraídos ao "Tropical 2" por alternadeiras que criavam perfis falsos em aplicações como o Badoo, Tinder ou Facebook, prometendo encontros sexuais. Lá, as vítimas seriam drogadas, com um fármaco apreendido pela PSP, e, aproveitando o estado de sonolência, a patroa apoderava-se dos cartões multibanco e dos códigos para sacar todo o dinheiro que os clientes tinham nas contas. Num primeiro tempo, alegava às vítimas que o terminal estava a dar uma anomalia para que o cliente repetisse a operação de pagamento. Assim, obtinha o código e uma alternadeira tratava de desviar a atenção da vítima, enquanto a patroa sacava o que queria.
O esquema, que envolvia a dona, o companheiro, o filho, quatro alternadeiras e um colaborador, durou cerca de dois anos.
Ameaçou com faca
Recentemente, um cúmplice da mulher, ainda a monte, encostou uma faca ao pescoço de um cliente, que não estaria a cair no logro. Forçou-o a entregar cartão e código para lhe extorquir um total de 17 900 euros, apenas naquela noite.
A uma das primeiras vítimas, em março de 2019, a mulher roubou 4900 euros em cinco operações de multibanco. E só não roubou mais 34 mil euros porque as transações foram recusadas pelo sistema bancário.
O dinheiro saía das contas dos clientes para duas outras tituladas pelo filho da patroa. Depois, os arguidos faziam circular o dinheiro por um total de 12 contas bancárias e acabavam por levantá-lo.
Para acabar com o esquema, na quinta-feira, a PSP realizou nove buscas no Porto, em Paredes e em Gaia. Foram apreendidos dois carros, um Fiat 500 e um Renault Megane, uma embarcação de recreio, documentação, uma arma branca e 1800 euros.
Estabelecimento manteve-se a funcionar durante confinamento
Apesar das medidas restritivas de combate à pandemia da covid, o "Tropical 2" manteve-se a trabalhar. As quatro alternadeiras aliciavam os clientes através das aplicações de encontros na Internet. Insinuavam a possibilidade de se tornar um contacto sexual e marcavam encontro presencial, nas imediações do bar. Acabavam por lá ir. No local estava sempre alguém para abrir discretamente e rapidamente a porta, para evitar as suspeitas das autoridades. Os clientes eram depois burlados através do esquema que levou à detenção de oito pessoas.