O banco Santander já tem acordos para indemnizar com até 100 mil euros 30 dos 43 donos de cofres que foram assaltados numa dependência em Braga, em junho de 2018.
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Fonte oficial do Santander confirmou ao JN que o banco tem 4,3 milhões de euros para ressarcir a totalidade dos clientes. A entidade bancária aceita como boa a lista que lhe foi entregue pelos depositários enumerando os bens, dinheiro, joias, ou relógios valiosos, que guardavam nos cofres. "Alguns já receberam o dinheiro e os restantes vão tê-lo dentro de dias", garantiu a fonte, acrescentando que continuam as negociações para que sejam assinados acordos idênticos com os outros.
No fim de junho, o Ministério Público de Guimarães acusou dez arguidos, um deles agente da PSP, membros de um gangue que fez uma dezena de assaltos a residências em Braga e no Minho e ao banco Santander, furtando dinheiro e bens que o Ministério Público avalia em 4,7 milhões de euros. Entre os lesados estão o empresário Domingos Névoa, o cantor limiano Delfim Júnior e o médico e antigo atleta do Sporting de Braga, Romeu Maia.
No caso do Santander, entre os 43 clientes que tinham cofres alugados na dependência da Avenida Central alguns reclamam mais de 100 mil euros e não aceitam este montante. Um antigo ourives em Braga disse ao JN que tinha bens no valor de 150 mil euros, mas que resolveu aceitar os 100 mil, para "não trocar o certo pelo incerto".
O acordo escrito entre as partes prevê que seja descontado àquela quantia, o valor das peças recuperadas pela GNR ou pela PJ aquando da detenção dos arguidos.
Banco passa a exigir a arguidos
Após ter pago aos clientes, o banco reclama, no processo que vai ser julgado em 2020, o consequente pedido de indemnização exigido aos três arguidos envolvidos no assalto. Até agora, os advogados Artur Marques, Licínio Ramalho e Nuno Albuquerque, representando nove clientes, avançaram com os respetivos pedidos de indemnização cível, de 2,2 milhões de euros. Visam o banco e os arguidos Joaquim Marques Fernandes, Vítor Manuel Martins Pereira e Luís Miguel Martins de Almeida.
O banco estava em obras desde 15 de junho e a porta blindada que trancava a antecâmera existente antes da porta gradeada que dá acesso aos cofres particulares ficou aberta, assim permanecendo até ao dia do assalto, 22 de junho.
Os advogados dos clientes argumentaram nos pedidos de indemnização que o banco, "contra o que estava previsto, permitiu que o arguido Joaquim Fernandes, a 19 de junho, acedesse à zona de cofres particulares, para estudar o assalto, num momento em que a agência não estava aberta ao público, e tivesse percebido que aquela porta blindada permanecia aberta e que o alarme estava inativo e com a indicação "falta ligar"".
Dias depois, os arguidos entraram pelas traseiras, e, durante várias horas, a coberto do ruído das festas de São João que já decorriam na zona, serraram grades e esvaziaram os cofres, saindo com os bens em vários sacos.
Peças recuperadas pela Polícia descontadas
O Santander quer descontar nas indemnizações até 100 mil euros que pretende pagar às vítimas o valor das peças que foram recuperadas pela Polícia, aquando da detenção do grupo suspeito do assalto. Só que, explicou um dos lesados ao JN, há que ter em conta se vieram ou não danificadas. "Um relógio em ouro e antigo pode valer, por exemplo, dez ou mesmo 20 mil euros. Mas se tiver uma amassadela ou um risco pode valer só metade". Daí que, em alguns casos, o acordo esteja mais demorado.
Pormenores
Assaltos no Minho - Ao gangue suspeito de assaltar o banco são atribuídos roubos em casas de Braga, Arcos de Valdevez, Ponte de Lima e Viana do Castelo. O grupo tinha como informador o agente da PSP de Ponte de Lima, Carlos Alfaia.
Associação criminosa - Joaquim Fernandes (de Priscos, Braga) é apontado como mentor da associação criminosa, em parceria com Vítor Pereira (Vila do Conde), Luís Almeida ( Braga) e Rui Fernandes (Braga). Estão todos em prisão preventiva.
Tecnologia - O grupo terá atuado desde 2017 e até junho de 2018. Usava inibidores de comunicações, de alarmes e de GPS, além de clonadores de chaves eletrónicas de carros e até instrumentos para afastar cães de guarda.