O sargento-ajudante da GNR Josias Manué da Silva Alves que, em 2015, chegou a atirar-se ao rio Tâmega para salvar uma mulher de 35 anos que caiu à barragem do Torrão, iniciou esta terça-feira durante o dia uma greve de fome em frente à Câmara Municipal do Porto.
Corpo do artigo
Josias Alves diz querer "alertar a sociedade civil para o desespero" em que se encontram mergulhados os "militares e agentes das forças e serviços de segurança", não só por não auferirem "ordenados correspondentes" à sua "condição socioprofissional", mas também por serem "alvo de pressões e perseguições tirânicas promovidas pelas chefias e comandos das respetivas instituições e, bem assim, pela tutela."
Num testemunho em vídeo efetuado antes de se posicionar em frente à autarquia, o sargento, de 44 anos, explica que está solidário com o tenente Afonso Viana que, na segunda-feira, foi chamado a explicar as baixas médicas que haviam sido colocadas pelos seus militares e ainda com o presidente do Sindicato Nacional da Polícia, Armando Ferreira, cujas declarações sobre uma hipotética inviabilização do ato eleitoral de 10 de março motivaram uma participação do ministro José Luís Carneiro à Inspeção-Geral da Administração Interna. "E, como não podia deixar de ser, [solidário] com o nosso colega Pedro Costa", acrescentou, referindo-se ao polícia que presta serviço no Aeroporto de Lisboa e que, há cerca de um mês, iniciou sozinho um protesto em frente à Assembleia da República e originou um movimento que se alargou ao resto do país.
O sargento, que chegou a comandar o Posto Territorial da GNR de Aveiro, Cacia, Vila Meã e de Alpendorada e a ser coordenador da Proteção Civil de Marco de Canaveses, destaca a necessidade de existir "hierarquia", que julga "absolutamente necessária", mas assume ser contra a utilização da "repressão" e da "pressão tirânica para com aqueles que lutam pelos seus direitos".
Josias Alves, que está agora colocado no Pelotão de Apoio de Serviços, diz também não querer fazer daquela ação "uma luta pessoal", mas frisa que há "muitas outras" pessoas "que permanecem sob o anonimato, em virtude de não quererem ser ainda mais prejudicadas do que já foram."
Atirou-se para salvar mulher
Em agosto de 2015, Josias Alves foi notícia por ter evitado que uma mulher, de 35 anos, morresse afogada na barragem do Torrão, no rio Tâmega. Após receber o alerta, por automobilistas, de que uma mulher estava sentada na ponte, voltada para o rio, o sargento meteu os pés ao caminho. “Quando cheguei a local, que dista cerca de um quilómetro do quartel, vi um corpo a boiar a cerca de 15 metros da margem”, explicou, na altura, ao JN, o à data comandante do posto de Alpendorada.
Formação académica
Josias Alves é mestre em Criminologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa (2019). Tem uma licenciatura em Segurança Comunitária pelo Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (2013). É pós-graduado e doutorando em Ciências Jurídicas.