“Se o tivesse corrompido não lhe pedia ajuda, exigia”, diz promotor imobiliário sobre ex-vice de Gaia
"Se o tivesse corrompido, não lhe pedia ajuda, exigia", declarou esta quarta-feira o promotor imobiliário Paulo Malafaia, quando um dos juizes do julgamento da Operação Babel o questionou sobre se tinha corrompido o então vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo.
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Malafaia falava sobre o "Gaia Hills", empreendimento de uma centena de habitações luxuosas nas margens do Douro. O arguido contou que pouco ou nada tinha a ver com aquele processo. Comprara o terreno e vendeu-o logo a seguir a outro promotor, com capacidade para executar a obra. O que sabe é que, já no final da obra, a câmara, estava a atrasar a entrega das licenças que permitiam a realização das escrituras.
Terá sido pedida a sua ajuda para perceber o porquê do atraso que "estava a causar fortes prejuízos e poderia obrigar a devolver sinais aos muitos compradores". Malafaia terá então solicitado os serviços de João Lopes, o advogado arguido que já confessou ter usado o nome do vice-presidente para obter 50 mil euros de "luvas".
E foi através de Lopes que Malafaia soube que a autarquia não libertava as licenças porque o promotor não tinha feito os arranjos exteriores, num terreno contíguo e que era da câmara. Malafaia terá então falado com Patrocínio, para lhe "pedir ajuda", no sentido de resolver o assunto.
O vice-presidente mostrou-se recetivo, mas, exigiu como contrapartida que o dono do empreendimento prestasse uma caução de 240 mil euros à autarquia, que garantiriam a concretização dos ditos arranjos. Foi aqui que um dos juízes o questionou: "E porquê pedir ajuda?". Malafaia repetiu as explicações e disparou: "Se o tivesse corrompido, não pedia ajuda. Exigia".
O julgamento continua.