Os três seguranças detidos pela PSP por agressões a jovens junto às instalações da discoteca Urban Beach, em Lisboa, começam a ser ouvidos, este sábado à tarde, por um juiz.
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À chegada ao tribunal, o advogado de um dos três arguidos disse que o cliente "mostrou arrependimento total" pelo sucedido na madrugada de quarta-feira. "Houve causas anteriores que conduziram àquela desestabilização emocional", disse Joaquim Oliveira. "Aquilo não nasceu de um ato gratuito", acrescentou o causídico, em declarações à RTP, este sábado de manhã.
"Os comerciantes da rulotes sentiram-se incomodados com aquele grupo de jovens e recorreram à discoteca a solicitar o apoio dos seguranças", disse Joaquim Oliveira. "Chamou-se a polícia, não houve intenção de fazer justiça com as próprias mãos", acrescentou, sublinhando que a PSP chegou tarde.
Joaquim Oliveira revelou apenas que o cliente se chama Pedro, escusando-se a revelar o apelido, e disse que se está a preparar para uma batalha, uma vez que além da exposição mediática as agressões já mereceram comentários do Governo e do poder judicial.
A audição dos três vigilantes de segurança privada, suspeitos de envolvimento nas agressões a três pessoas que se encontravam nas imediações daquela discoteca na madrugada de quarta-feira, vai decorrer no Tribunal de Instrução Criminal, no Campus de Justiça de Lisboa. O início estava marcado para as 9 horas da manhã, mas foi adiado para as 13.30 horas, por motivos não comunicados.
Na sequência das agressões, registadas em vídeo que se tornou público, a PSP deteve, inicialmente, um segurança da discoteca Urban Beach, na madrugada de sexta-feira, por "fortes indícios" do crime de ofensas à integridade física graves.
Após a primeira detenção e ainda na sexta-feira, a direção nacional da PSP informou, em comunicado, que "mais dois suspeitos, sobre os quais tinham sido emitidos mandados de detenção pela autoridade judicial competente, já se encontram detidos em instalações policiais".
Neste âmbito, a Polícia sublinhou que, após o registo da ocorrência, a análise do vídeo publicamente divulgado e de diligências policiais, foi possível identificar os agredidos e os vigilantes agressores.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) destacou também que a PSP realizou, durante a madrugada de sexta-feira, "inúmeras diligências cautelares de recolha urgente de meios de prova para identificação dos respetivos autores dos crimes divulgados, efetuadas no âmbito do inquérito instaurado pelo Ministério Público".
A investigação decorre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, na unidade especial de combate ao crime especialmente violento (UECCEV), com a coadjuvação da PSP.
O Ministério da Administração Interna ordenou o encerramento do espaço na madrugada de sexta-feira, alegando não só o episódio de quarta-feira, mas também as 38 queixas sobre a Urban Beach apresentadas à PSP desde o início do ano, por alegadas práticas violentas ou atos de natureza discriminatória ou racista".
A discoteca vai ficar fechada durante seis meses.
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