A PJ deteve seis membros do grupo de extrema-direita Movimento Armilar Lusitano, por crimes de infrações relacionadas com grupo e atividades terroristas, discriminação e incitamento ao ódio e à violência e detenção de arma proibida. Entre eles está um chefe da PSP, a prestar serviço na Polícia Municipal de Lisboa.
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Além das detenções, em flagrante delito, a PJ apreendeu material explosivo de vários tipos, várias armas de fogo, algumas das quais produzidas através de tecnologia 3D, várias impressoras 3D, várias dezenas de munições, armas brancas, material informático, entre outros.
A investigação resultou de uma análise a publicações na Internet, onde se manifestavam ideias extremistas por parte de elementos que defendiam "ideologias nacionalistas e de extrema-direita radical e violenta, seguidores de um ideário antissistema e conspirativo, que incentivava à discriminação, ao ódio e à violência contra imigrantes e refugiados", escreve a PJ em comunicado.
Os detidos na operação "Desarme 3D" são suspeitos de integrar o denominado Movimento Armilar Lusitano, "que pretendia constituir-se como um movimento político, apoiado numa milícia armada, e encontram-se indiciados pela prática de factos enquadráveis nos crimes de infrações terroristas, alteração violenta do Estado de direito e de detenção de armas proibidas".
“Não deixou de ser surpreendente a qualidade e a diversidade daquilo que apreendemos”, afirmou Manuela Santos, diretora da Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária, em conferência de imprensa de balanço da operação “Desarme 3D.
“Foi surpreendente” encontrar no grupo esta “capacidade de fazer algo com alguma projeção, com os meios de que dispunham”, acrescentou a dirigente da PJ.
“Estavam a armar-se, a recrutar pessoas e a desenvolver ações”, afirmou Manuela Santos, salientando que o material apreendido “tem uma origem e está tudo em aberto nesse aspeto”, com “novas linhas de investigação”.
A responsável não descartou haver “elementos de forças de segurança e forças militares” envolvidos no grupo.
Entre os seis detidos, um deles era um elemento da PSP, existindo outros tinham ligações a grupos de segurança privados.
As buscas realizaram-se na Grande Lisboa, as autoridades acompanharam encontros presenciais, numa investigação que teve início em 2021.
“Não é fácil [investigar], porque é um meio difícil de penetrar. Este tipo de indivíduos está muito alerta” para a ação das autoridades.
Quanto à classificação do grupo, Manuela Santos considerou que o MAL está enquadrado “na lei de combate ao terrorismo” e na “alteração violenta do estado de Direito”.
“Não havia para já um plano concreto” para “desencadear uma ação criminosa”, explicou a coordenadora da UNCT, mas salientou que o objetivo era “atentar contra as instituições”, na linha do que fazem, no plano internacional, outros grupos do género.
A dirigente da PJ recordou a mega-operação das autoridades alemãs que em 2022 desmantelou um grupo que tentava realizar um golpe de Estado.
“São pessoas de muitas proveniências”, unidas pela “discriminação em função da identidade de género, da raça, do credo”.
A pandemia acentuou a atividade do MAL, como noutros “grupos antissistema” referenciados, admitiu Manuela Santas, salientando que “tudo acaba por ser um argumento para contrariar o sistema vigente”.
Serão hoje presentes a Tribunal para primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.