No dia seguinte à notícia de que estava a ser investigada a alegada morte de um bebé em Oliveira do Hospital, o autodenominado “Reino do Pineal” garantiu, em comunicado, que não cometeu qualquer crime relacionado com a morte de um bebé. Procuradoria-Geral da República e Polícia Judiciária confirmam inquérito.
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“Pedimos gentilmente que respeitem o facto de não termos sido acusados por ninguém de violar quaisquer leis. Tudo o que temos feito e continuamos a fazer é legal e respeita os costumes de Portugal”, assegura a seita.
Na carta pública, o grupo instalado na quinta comprada pelo antigo futebolista dinamarquês Pione Sisto nunca fala, diretamente, da morte da criança, com 14 meses, preferindo salientar que não é “uma ameaça para a República de Portugal, nem para o modo de vida de ninguém”. “Não impomos as nossas crenças aos outros. O modo de vida que escolhemos tem como objetivo restaurar, proteger e preservar os modos de vida orgânicos, naturais, espirituais, culturais e indígenas”, defende.
Na mesma missiva, o Reino de Pineal agradece “ao povo de Portugal” por o ter acolhido e deixa claro que não é “um movimento político”. “Somos nómadas viajantes com uma vocação espiritual, atualmente a viver na embaixada na soberana República Portuguesa. A nossa intenção não é de perturbar a paz, ou causar confusão e divisão”, lê-se no comunicado.
Depois, o grupo explica que se manterá em Portugal, “até ao momento em que encontrar e estabelecer uma casa permanente, talvez uma ilha”.
PGR e Polícia Judiciária confirmam investigação
Também nesta quarta-feira, o diretor da Polícia Judiciária, Luís Neves, confirmou que está a ser investigada a alegada morte de um bebé. “A Polícia Judiciária inicia as investigações ou quando tem um conhecimento direto dos factos ou quando nos é comunicada”, começou por dizer Luís Neves, para, em seguida, acrescentar que “o Ministério Público entendeu, esta semana já, deferir a competência à Polícia Judiciária para realizar esse trabalho”.
Ao final do dia, a Procuradoria-Geral da República anunciou, igualmente, que “confirma-se a existência de inquérito relacionado com a matéria”. “O mesmo encontra-se em investigação na 1ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal de Coimbra”, sublinha.
Em causa está o nascimento e a morte de uma criança, na quinta ocupada pela seita, desde 2020. A bebé seria filho do líder do grupo, Água Akbal Pinheiro, e de uma mulher estrangeira que também integra a congregação e terá nascido em fevereiro de 2021. Nunca foi registada e foi assim que também terá morrido em março do ano passado.
O cadáver terá sido cremado durante uma cerimónia fúnebre realizada no interior da quinta do concelho de Oliveira do Hospital.