A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) considera que o "episódio de violência gratuita" que aconteceu, na madrugada de terça-feira, no serviço de urgência do Hospital de Famalicão "torna evidente e publica a falta de meios humanos e materiais" e não pode ser visto de forma isolada. Aliás deve ser "motivo de reflexão" por parte da direção nacional da PSP e dos responsáveis políticos.
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Cerca de uma dezena de indivíduos irrompeu pela urgência, por volta das 3.30 horas, agrediu um segurança e dois enfermeiros, um deles teve de ser suturado na cabeça e na boca. A PSP só chegou ao local, segundo relatos recolhidos pelo JN, cerca de 45 minutos depois do alerta. No entanto, a força policial adiantou que seguiu os "protocolos táticos definidos para o tipo de ocorrência comunicada".
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"Esta situação complexa, com a PSP a ser acusada publicamente de demora em acorrer à unidade hospitalar onde decorriam as agressões, lesa a instituição, mina a sua credibilidade, coloca os profissionais expostos à crítica pública - com o seu profissionalismo colocado em causa sem que tenham qualquer responsabilidade na incapacidade de resposta à ocorrência", refere a associação num texto publicado no Facebook.
Na mesma publicação, a ASPP nota que a par de episódios como este há "problemas que não se podem esconder" como o "impedimento de saída de profissionais para a pré-aposentação e consequente envelhecimento do efetivo, a falta de candidatos, o abandono da profissão".
Também a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, já veio dizer que os dois profissionais de saúde agredidos "já têm idade para dispensa de trabalho noturno", contudo "não se importam de vestir a camisola porque não há enfermeiros suficientes". "Até 2009, nenhum dos dois estaria a trabalhar, a reforma era aos 57 anos de idade, foi-nos tirado. Não somos profissão de risco, foi-nos tirado", escreveu nas redes sociais.
Ana Rita Cavaco aponta ainda que na maioria dos serviços de urgência não existe polícia. "Os poucos que têm são pagos pelos hospitais, como se o Ministério da Administração Interna não tivesse obrigação de nos proteger", acrescenta ainda. Considera que este tipo de situações deveria ser crime público tal como a violência doméstica. "É urgente a alteração das penas", refere.