O ex-primeiro ministro José Sócrates anunciou esta manhã uma queixa contra o Ministério Público (MP) por violação de segredo de justiça e contra a Caixa Geral de Depósitos por denúncia caluniosa. Em causa uma notícia da SIC sobre avultadas transferências bancárias que terá recebido por causa de um contrato de consultadoria.
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Na carta pública dirigida à procuradora-geral da República, Lucília Gago, José Sócrates insurge-se contra os desconhecidos que, no interior do MP, divulgaram o seu contrato e a notícia de uma investigação. A violação de segredo de justiça "ainda é crime", frisa o ex-governante.
"Atacar-me desta forma, e atacar todos os que comigo se relacionam socialmente, é uma covardia e uma violência que há muito conheço do processo marquês. Estes métodos, Senhora Procuradora, são repugnantes", atira José Sócrates.
"A notícia televisiva devia levar imediatamente a Procuradoria a abrir inquérito criminal. Mas tenho boas razões para pensar que a maior parte das vezes não prestam muita atenção a estes casos. Pois bem, aqui fica a denúncia formal", escreve Sócrates. Mais tarde, uma nova versão da missiva, enviada às redações, eliminaria este trecho.
Segundo a notícia divulgada ontem pela SIC, Sócrates teria sido novamente investigado já depois da acusação na Operação Marquês. As novas suspeitas tiveram por base um alerta enviado ao MP pela Caixa Geral de Depósitos por causa de transferências mensais de 12 500 euros que Sócrates passara a receber a partir de 2020. O ex-primeiro ministro justificou as verbas junto do banco com um contrato de consultadoria internacional.
Queixa contra a Caixa Geral de Depósitos
A legalidade da comunicação do banco é contestada pelo ex-ministro que acusa a Caixa Geral de Depósitos de "denúncia caluniosa". José Sócrates garante que "prestou todas as informações sobre o contrato" e que já não é "pessoa politicamente exposta" pois deixou de exercer funções públicas há 12 anos. Portanto, suspeita que "a atuação do banco foi politicamente motivada" e requer a abertura de um competente inquérito criminal.
Sócrates avisa a Lucília Gago de que a vai tornar pública a "carta de legítima defesa" que é "a única forma de se proteger da guerra suja que o MP decidiu abrir desde que abriu o processo Marquês".
"Quase poderia dizer que estou já habituado a tal velhacaria. Mas não, não estou habituado, estou enojado como da primeira vez", termina José Sócrates.