Solteiros, empregados e a viver com os pais: assim eram dois dos maiores pedófilos dos Açores
Vivem na mesma ilha dos Açores, a Terceira, e no mesmo concelho, Angra do Heroísmo. Com 43 e 57 anos, são ambos solteiros, continuam a viver na casa da família e estão inseridos na sociedade. Um é, aliás, funcionário numa loja do comércio tradicional e o outro trabalha numa empresa privada de serviços. Apesar da proximidade geográfica, não se conheciam, mas os dois são suspeitos de usarem aplicações informáticas para acederem a pornografia infantil, cuja maioria das vítimas tem menos de seis anos.
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Os dois também foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) dos Açores, interrogados pelo juiz e libertados sem ficarem impedidos de continuar a aceder a computadores e à internet. Mesmo que um deles tivesse mais de 20 terabytes de pornografia infantil guardados nos seus computadores.
A investigação começou já este ano, na sequência de informação recolhida pela PJ dos Açores. As diligências que se seguiram, realizadas no âmbito de dois inquéritos distintos, permitiram apurar que dois açorianos usavam aplicações informáticas para obter e partilhar fotografias e vídeos de pornografia infantil.
Essas aplicações recorriam a tecnologia P2P (peer-to-peer), que permite a criação de uma rede mundial sem necessidade de haver um servidor informático central. Com a P2P, cada um dos computadores dos utilizadores funciona como servidor e as imagens e vídeos que neles estão guardados podem ser vistas e partilhadas pelos restantes utilizadores.
Esta tecnologia dificulta a tarefa das polícias, mas mesmo assim a PJ dos Açores conseguiu localizar os dois homens em Angra do Heroísmo. Nenhum deles tem antecedentes criminais e não levantaram quaisquer suspeitas entre os familiares, vizinhos ou colegas de trabalho.
Porém, nas buscas que efetuou, a PJ encontrou milhares de imagens e vídeos de pornografia infantil armazenados nos computadores e discos rígidos que ambos mantinham nos respetivos quartos. Um dos homens, salienta a PJ, tinha na sua posse mais de 20 terabytes de material pornográfico. Trata-se de uma enorme quantidade e que representa a maior apreensão de sempre nos Açores.
Unidade especializada da PJ analisa imagens
Os inspetores, apurou o JN, não tiveram meios, nem tempo para analisar todos os vídeos e fotografias apreendidos. Muito pelo contrário. Mas o material já visualizado mostrava cenas descritas como "chocantes", envolvendo atos sexuais com crianças com menos de seis anos.
Todo o material apreendido foi enviado para a Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, que irá, agora, tentar perceber se as imagens apreendidas já constam dos arquivos das polícias internacionais ou foram introduzidas recentemente nas redes mundiais de pornografia infantil.
Também irá tentar perceber em que países as vítimas foram filmadas e fotografadas e, a partir daí, identificar os criminosos. Um dos principais objetivos da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ será confirmar se algum dos crimes foi cometido em Portugal