O Governo dos Açores vai pedir que o youtuber João Barbosa, mais conhecido como Numeiro, envie "provas" de que foram reembolsadas todas as pessoas que compraram bilhetes para assistir à transmissão online, entretanto tornada gratuita, do combate de boxe que opôs o influenciador ao pugilista búlgaro Kalin Simeonov.
Corpo do artigo
A garantia foi dada esta sexta-feira, ao JN, pelo chefe de gabinete da Secretaria Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública António Almeida. A propósito do combate em que se estreou como boxer, Numeiro chegou a anunciar a realização de um concurso publicitário, aprovado por aquela Secretaria, em que iria sortear um Ferrari 458 Itália entre as pessoas que comprassem, no site do evento, um bilhete (por 9,99 euros) que iria dar acesso à transmissão online.
No entanto, o concurso acabou cancelado por causa de um alegado ataque informático à plataforma e a transmissão do evento - que decorreu esta sexta-feira no Campo Pequeno, em Lisboa, e contou com o apoio de um site de apostas ilegal em Portugal - acabou por se tornar gratuita.
Notifica oito dias depois
Apesar de ter comunicado publicamente ao seguidores a situação do ataque informático no dia 4 de dezembro na rede social Instagram, só oito dias depois, a 12, é que o Governo dos Açores foi notificado da impossibilidade de realização do concurso publicitário pelo representante legal da empresa Numeiro Enterprises Lda., que se encontra registada em Ponta Delgada, nos Açores. Em causa, justificou, estariam "ataques informáticos à plataforma utilizada para o efeito e a necessidade de prevenir qualquer risco para os dados pessoais dos ingressantes, tendo sido suspensa a plataforma para garantia da segurança informática da mesma".
Na mesma comunicação, a empresa assegurou o reembolso dos valores despendidos, tendo a Divisão de Administração, Passaportes e Licenças da Secretaria Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública do Governo Regional solicitado à Numeiro Enterprises Lda. "a formalização da revogação da promessa pública associada ao concurso publicitário e o envio de provas de que foram realizados os reembolsos dos ingressos".
"Para deixar as pessoas tranquilizadas", na quinta-feira, João Barbosa voltou a frisar que "ficou impossibilitado de fazer o concurso publicitário" por ter sido "alvo de hackers" e garantiu que "toda a gente foi reembolsada". "Acredito que 95% das pessoas já receberam tudo no banco. Se houver mais atrasos, terá que ver, certamente, com os bancos", disse, sublinhando que "era um ponto que precisava de esclarecer".
Segundo o que o JN apurou, a empresa Numeiro Enterprises Lda. formalizou um pedido para realização do concurso publicitário em setembro. Originalmente, este foi endereçado à Câmara Municipal de Ponta Delgada, tendo, porém, sido reencaminhado aos serviços da Secretaria Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública. Na análise do pedido inicial, foram considerados pareceres do Ministério da Administração Interna, tendo o regulamento inicial do concurso sido alterado para colmatar desconformidades identificadas.
Publicitou site de apostas ilegal
A Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online apresentou na quinta-feira, tal como o JN noticiou em primeira mão, uma queixa-crime contra o youtuber por ter publicitado, no evento em que se estreou como boxer, o site de apostas "Vem Apostar". Em causa está o facto de este sítio na Internet não ter licença atribuída pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, condição necessária para qualquer operador oferecer jogos e apostas online em Portugal.