O SOS Racismo condenou hoje a morte de um homem na Cova da Moura após ser baleado pelas autoridades, naquilo que referiu ser "mais um na longa lista de mortos às mãos da PSP".
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"Odair Moniz junta-se à longa lista de pessoas negras mortas às mãos da polícia de segurança pública" e a "sua morte acontece num contexto político de exacerbação do discurso de ódio e de um securitarismo estigmatizante dirigido às comunidades negras", refere a associação antirracista, que questiona a justificação da PSP.
Em comunicado, a PSP explica que um homem em fuga morreu na segunda-feira após ser baleado pela polícia na Cova da Moura, quando tentava resistir à detenção e agredir os agentes com uma arma branca.
"Como é que alguém que se despistou num carro em fuga pode sair em condições de querer agredir agentes armados? Tendo sido a tentativa de agressão com arma branca, segundo a PSP, supõe-se então ter existido uma efetiva proximidade com o agente atirador? Se sim, porque não alvejou a vítima na parte inferior do corpo para imobilizá-la, em vez de atirar para a axila?", questiona a SOS Racismo.
Para a associação, "em todos os casos de brutalidade policial que resultaram em mortes de cidadãos negros, racializados, a PSP nunca foi convincente sobre as condições e motivos destas mortes".
Por outro lado, o SOS Racismo considera que a PSP está "inegavelmente infiltrada pela extrema-direita racista", pelo que "as mortes de pessoas negras às mãos de agentes policiais levantam as maiores dúvidas e preocupações sobre as reais motivações das intervenções".
Nesse sentido, a associação pede um inquérito para apurar "todas as responsabilidades dos agentes envolvidos neste assassinato, incluindo as da própria cadeia de comando" e, enquanto decorrer o processo, "exige-se a sua suspensão imediata de funções".
Para o SOS Racismo, há "um padrão de intervenção policial que opta por uma espécie de exceção jurídica em que a violência e a morte nos territórios e corpos habitados por pessoas negras passam a ser uma regra".